quinta-feira, 26 de abril de 2012

A trama maçónica (iv)

Escrito por Manuel Guerra 





«(…) Um membro do clandestino Grande Oriente Lusitano diz que a “luz verde” para uma mudança de atitude dos maçons portugueses quanto à independência dos territórios de África foi dada pelo Grande Oriente de França: “Repare, por exemplo, nas posições tímidas que a CEUD defendia, em 1969, acerca do dramático problema africano. A viragem deu-se efectivamente a partir das novas directrizes do Grande Oriente de França. Era então Grão-Mestre Fred Zeller”. A teia multinacional da Maçonaria explica também o maior intervencionismo de Senghor, que começou por incitar as autoridades do Brasil a impulsionarem a projecção da comunidade luso-afro-brasileira. Mais tarde, usando os canais da PIDE/DGS, dado que Lisboa e Dacar tinham cortado relações diplomáticas, propôs a Spínola um encontro no mar, fora das águas territoriais do Senegal e da Guiné. O Governo, a pretexto dos riscos para a segurança pessoal do general, não autorizou a cimeira».

José Freire Antunes (in «Nixon e Caetano»).


«Os maçons regulares são profundamente contrários a todas as formas de neo-colonialismos, visíveis ou disfarçados e, por isso, após consagrarmos uma Grande Loja Africana passamos a ser seus companheiros de viagem somente pelo tempo e medida exactos em que formos desejados, e não mais do que isso.

Conseguimos fazê-lo com sucesso em relação a Moçambique e instalámos o seu Muito Respeitável Grão-Mestre, em 11 de Julho de 2009, tendo participado nas Cerimónias a nosso convite, Grão-Mestres e Grandes Oficiais da Costa do Marfim, do Gabão, das Maurícias, da África do Sul, da Reunião (em representação da G.L.N.F. – Grande Loge Nationale Française), do Brasil, dos Estados Unidos da América e da Rússia.

A Grande Loja de Moçambique foi, em termos maçónicos, quase que imediatamente reconhecida como Regular por muitas Potências Regulares Maçónicas, por exemplo, pelos EUA, França, Rússia, África do Sul, Gabão, Costa do Marfim, Maurícias, Grande Oriente do Brasil e outras, com as quais já estabeleceu tratados de Reconhecimento.

Os juramentos da Consagração e Instalação foram feitos sobre três Livros da Lei Sagrada: Corão, Tora e Bíblia porque a Grande Loja de Moçambique agrega Irmãos muçulmanos, judeus, católicos e evangélicos. Nas suas Lojas trabalham Irmãos de todas as cores, filiados ou não no leque de partidos políticos existentes no País.

Chamo mais uma vez a atenção para o facto de que na Maçonaria que promovemos em África – a Maçonaria Regular – não são permitidas discussões políticas ou religiosas.

Tranquilizem-se, portanto, líderes políticos e religiosos. Tudo o que a Maçonaria Regular já fez, pretende e tenta fazer nos Países Africanos de Expressão Portuguesa é ajudar a melhorar a qualidade dos seus Irmãos para que também melhor possam cumprir os seus deveres de cidadãos para com a Sociedade».

Ex-Grão-Mestre Mário Martin Guia (entrevista in «Maçonaria Regular», Diário de Bordo, 2010).




«… Com base nas alianças e na força que tem nos países de língua portuguesa, a GLLP conseguiu, em Fevereiro de 2011, segundo o actual líder, José Moreno, que o português fosse aprovado como "língua oficial da maçonaria" numa "conferência de grão-mestres em Cartagena".

O crescimento da GLLP, como as lojas em Macau, levou também a que os maçons portugueses na região chinesa tivessem acesso aos círculos maçónicos de obediências internacionais na ilha, pois a maçonaria regular tem mais influência na região.

(…) O que irá avançar, no entanto, é o Instituto de Estudos Maçónicos, que funcionará no edifício da antiga Escola Oficina N.º 1, situado no n.º 58 do Largo da Graça. Este é, aliás, um dos mais de 20 edifícios e propriedades pertencentes ao GOL. (…) "A nossa única fonte de financiamento é o dinheiro das quotizações", explica Fernando Lima. Embora o GOL não revele, o DN sabe que as quotas rondam os 300 euros anuais, o que aplicando a dois mil membros significa ganhos de mais de 600 mil euros/ano.

Além da gestão dos edifícios, o GOL tem ainda despesas na análise dos novos candidatos. Quando alguém chega ao GOL, é sujeito a um rigoroso escrutínio, sendo a sua vida passada a pente fino. O registo criminal, por exemplo, é sempre verificado. Para isso contribui uma estrutura, criada na Dieta de 21 de Março de 2009, que é uma espécie de secreta interna. Com 77 votos a favor e sete contra, foi decidida a "contratação de equipas técnicas externas para fornecimento de serviços de consultadoria e apoio afectivo ao grão-mestre e ao Conselho da Ordem nos domínios da segurança de pessoas, património e informação".

Para alimentar teorias da conspiração dignas de livros policiais, o GOL tem também na sua posse uma lista de 360 agentes e "bufos" da PIDE, que está fechada a sete chaves numa instituição bancária. A lista pertencia à Legião Portuguesa (que ocupou o palácio maçónico durante a ditadura) e foi descoberta pela Loja Liberdade, que a manteve em segredo até há seis anos, quando a entregou nas mãos do grão-mestre António Arnaut».

(in «O Poder da Maçonaria Portuguesa»).


«(…) a civilização ocidental a que chegámos é o resultado da convergência do humanismo cristão com o humanismo maçónico, tanto à direita como à esquerda, de liberais a socialistas, unidos na luta contra a ignorância, o fanatismo e a tirania, nomeadamente contra as experiências totalitárias do século XX.






(…) O GOL, fundado em 1802, é a mais antiga sociedade demoliberal portuguesa, com continuada actividade. E sem ser por acaso é, em termos cronológicos, a segunda organização maçónica do mundo. Logo, é um dos elementos fundamentais do nosso património cultural que se perde nas brumas da memória, tal como a Igreja Católica. Isto é, tanto é um valor nacional, como é europeu e universal, e como tal é reconhecido tanto pela Comissão Europeia como pela própria ONU, participando, através do CLIPSAS, no Conselho Económico e Social da organização. (…) o próprio desenho maçónico (…) esteve na base da Sociedade das Nações em 1918, num processo onde participaram portugueses tão ilustres como o futuro prémio Nobel, Egas Moniz, ou o ex-chefe do governo, Afonso Costa, insignes maçons, por acaso inimigos políticos, no plano doméstico.

(…) O que se pode esperar da maçonaria para os próximos tempos?

Que seja liberdadeira [???], de acordo com as regras tradicionais da liberdade individual, da autonomia da sociedade civil e da integração dos valores da libertação nacional no cosmopolitismo, para que cada nação possa converter-se armilarmente na super-nação futura, a república universal. Isto é, que tenha saudades de futuro, conforme o sonho do maior dos símbolos maçónicos do século XX português, Fernando Pessoa».

José Adelino Maltez


«Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade, nada contra a Nação". Posição social: Anticomunista e anti-socialista…».

Fernando Pessoa (in António Quadros, «Fernando Pessoa – Iniciação Global à Obra»).


«(…) [Fernando] Pessoa está atirado à fama como um osso aos cães e é preciso esperar que, envenenados pelo osso, os cães o larguem».

Ernesto Palma


«… A proliferação de estudos sociais e de estudos sociológicos, em todo o hemisfério designado por ocidental, com a multiplicação de gabinetes, centros, institutos, faculdades e outras escolas, acusa uma tendência doutrinária que me parece perigosa na medida em que tende a minimizar, ou a minorar, os estudos de psicologia. A sociologia sem psicologia conduz à inversão, e portanto à falsificação, dos métodos explicativos e racionais. Ora a UNESCO está impregnada deste sociologismo tão internacionalista como abstracto, contra o qual não podem deixar de opor-se todos os intelectuais religiosos e todos os intelectuais espiritualistas que meditem sobre o destino transcendente da Humanidade».

Álvaro Ribeiro






g) O Bilderberg Group, também conhecido como Bilderbergconferentie ou Clube de Bilderberg (BG). Pertenciam ao CFR os elementos do núcleo que criou o BG por meio do jesuíta Joseph Retinger (9), nascido em Cracóvia em 1887 numa família de origem judaico-austríaca. Grau 33 na maçonaria sueca, assumiu a secretaria permanente do BG até à sua morte, em 1960. O nome deste grupo provém do Hotel Bilderberg, situado na localidade holandesa de Oosterbeek, local da sua assembleia constitutiva em Maio de 1954 sob a presidência do príncipe consorte Bernard de Lippe, também mação. É um grupo «privado», que assenta no talento pessoal, no dinheiro individual e familiar e na discrição ou, se se preferir, no segredo. O financiamento do BG está a cargo do grupo Rockefeller, da casa Rothschild, dos bancos Dillon Read, Warburg e Lehman e de duas instituições muito ligadas ao mundialismo: o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. A abastada família sueca Wallenberg tem financiado, até agora, as suas reuniões. Uma das suas filhas é a mulher de Kofi Annan, que foi membro do BG antes de ser secretário-geral da ONU.

Como aponta Martín Lorenzo em El Nuevo Orden Mundial, até 1976, o Bilderberg Group foi presidido pelo príncipe Bernard da Holanda. Os laços da casa real holandesa (titular de uma das maiores fortunas do planeta) com a alta finança são velhos e bem conhecidos, pelo que se torna desnecessário detalhá-los aqui. Por causa do escândalo suscitado pelos subornos da companhia Lockheed, em que se viu envolvido como principal implicado, o príncipe Bernard deixou a presidência do grupo, tendo sido substituído por Douglas Home, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, que permaneceu no cargo até 1980. A Home sucedeu Walter Scheel, ministro dos Negócios Estrangeiros e, posteriormente, Presidente da República Federal Alemã, que assumiu a chefia até 1985, ano em que foi substituído pelo britânico Eric Roll, presidente do grupo bancário S. G. Warburg. Este último, em 1989, deu lugar ao actual presidente Peter Rupert, mais conhecido como Lord Carrington, ex-secretário-geral da NATO, ex-ministro de vários Governos britânicos e membro destacado da Fabian Society e do Royal Institute on International Affairs.

Entre os mais destacados membros da secção europeia do Bilderberg Group, é habitual a pertença simultânea à Comissão Trilateral, pertença que se estende ao Conselho de Relações Exteriores no caso dos membros mais destacados da secção norte-americana do grupo. Destes últimos poderia fazer-se uma breve relação de nomes que militam nos três organismos, como David Rockefeller, George Bush, Zbigniew Brzezinski, Robert McNamara, Henry Kissinger, Caspar Weinberger, Bill Clinton – todos eles dispensando apresentações -, George Ball, associado do banco Lehman Brothers, Cyrus Sulzberger, editorialista do New York Times, e Heddy Donovan, redactor-chefe da revista Time.

O Bilderberg Group está estruturado em três círculos concêntricos:

1. Em primeiro lugar, o círculo mais reduzido, decisivo e interno, o mais fechado de todos. Chama-se Bilderberg Advisory Committee («comité consultivo»). O seu secretário-geral para os Estados Unidos é David Rockefeller; os membros pertencem todos ao CFR e, ao mesmo tempo, ao círculo seguinte. Serão todos mações?

2. Um círculo mais amplo, mas interno, o Steering Committee («comité de direcção»), composto por 24 europeus e 15 americanos (Estados Unidos). Os 15 americanos pertencem quase todos ao CFR e todos são membros permanentes, e não meros convidados para uma ou mais assembleias.







3. O círculo mais exterior e numeroso. É composto por convidados ocasionais e por filiados permanentes. Segundo Lesta-Pedrero, reúnem-se geralmente cerca de 120 pessoas. Cerca de 70% são membros fixos ou permanentes, os restantes 30% são convidados circunstanciais. Todos são cidadãos prestigiados e influentes, com ou sem actividade oficial nos Governos dos respectivos países. Uma vez por ano, durante quatro dias, expõem de maneira informal os seus pontos de vista sobre os assuntos económicos e políticos internacionais para, com a sua experiência pessoal, chegarem a um entendimento acerca desses problemas e das suas implicações. Embora tratando-se de uma reunião (Conferentie) em que, segundo se diz, não se tomam decisões nem se publicam conclusões, as discussões influenciam tomadas de posição posteriores. De resto, consta que foram tomadas decisões importantes, como por exemplo em relação à Guerra das Malvinas, ao estabelecimento de relações com a China por parte de Nixon, à autorização para a Rússia bombardear a Chechénia, à formação de um Estado albanês independente e ao desmembramento da Jugoslávia (com a entrega da sua província mais setentrional à Hungria) (10).

(…) A escolha dos convidados costuma fazer-se em Março. O comité directivo indica a data do encontro quatro meses antes da sua realização. O nome e a morada do hotel onde irá realizar-se a reunião só são comunicados uma semana antes. Os debates e conclusões são mantidos em rigoroso segredo. Surpreendentemente, os meios de comunicação não parecem interessar-se pelas assembleias do BG. A título de exemplo, nos arquivos do jornal El País desde a sua criação, em 1976, a palavra «Bilderberg» aparece escrita apenas 11 vezes neste diário «independente», uma num título e duas num subtítulo em 1977. Nos últimos 17 anos (1989, realização da reunião do BG em La Toja, Espanha) figura uma única vez e isto apesar do Juan Luis Celebrián, conselheiro delegado do grupo Prisa, ser membro assíduo do BG desde 2001. Os mesmos que não deixam os «famosos» do mundo cor-de-rosa dar um passo em sossego não se atrevem a incomodar de modo algum as personagens mais influentes da política, da banca e do comércio mundiais. Ninguém arrisca publicar o programa, as informações e os resultados das suas reuniões. O juramento de confidencialidade absoluta é feito pelos participantes e pelos jornalistas. Os directores dos principais jornais, bem como das mais influentes cadeias de rádio e televisão, são simultaneamente profissionais do jornalismo e convidados. A revista norte-americana The Spotlight é a excepção permanente nesta questão. Um ou mais dos seus enviados conseguiram infiltrar-se nas diferentes reuniões anuais do BG. Por ser considerada um perigo para a globalização, o Governo conseguiu que ela fosse encerrada por meio de um processo judicial. Mas ressurgiu com um novo nome, expressivo das suas intenções de liberdade: American Free Press. Graças às suas informações, sabe-se que os objectivos do BG convergem no enfraquecimento progressivo das soberanias nacionais e na sua transferência para as instituições de índole oligárquica e supranacional.






O interesse dos meios concentra-se na lista de participantes. Os convidados assistem sozinhos (sem mulheres/maridos, amantes, etc.). Os guarda-costas vigiam mas nunca entram na sala da conferência e comem num local separado. O BG é «uma sala secreta, satélite do CFR. Nada sabemos sobre os critérios utilizados para o recrutamento e o convite dos membros, que dizem que não assistem às reuniões a título privado, mas sim em virtude dos seus altos cargos… O BG, tal como a sua matriz, o CFR, é uma promoção maçónica» (R. de la Cierva, op. cit., p. 618). É verdade, embora digam que «assistem na qualidade de cidadãos privados e não como representantes oficiais» (D. Estulin, op. cit., p. 33).

Filipe González foi convidado para a reunião realizada em 1976 em Torquay, na Inglaterra, mas declinou o convite. Assistiu Manuel Fraga Iribarne. O novo PSOE, que conseguiu afastar o tradicional – o do exílio -, encabeçado pelo mação Rodolfo Llopis, não estava preparado para uma tão chamativa saída da clandestinidade fora de Espanha. Na reunião, realizada em Palma de Maiorca em Setembro de 1975, dois meses antes da morte de Franco, foram abordados três assuntos. Um deles foi «a necessidade de contar em Espanha com um grupo de Homens Novos capazes de assegurar a substituição do franquismo sem traumatismos». Abria-se o caminho a Felipe González, Adolfo Suárez e suas equipas. «Partido Socialista: o Partido da Maçonaria» é o título de um dos capítulos da obra citada de Manuel Bonella Sauras. Assim foi e assim continua a ser. Na mesa redonda sobre a maçonaria na Universidade Ceu-San Pablo (Novembro de 2005), Ricardo de la Cierva respondeu a uma pergunta reconhecendo que, durante a Segunda República, não houve nenhum mação nos partidos de direita (CEDA de Gil Robles). Mas o mesmo não se pode afirmar acerca do actual Partido Popular.

Segundo parece, dos participantes ocasionais – alguns por apenas uma vez -, 30% são convidados porque, atendendo às circunstâncias sociopolíticas e económicas mundiais, servem os interesses dos círculos mais restritos e dos membros permanentes. O convite pressupõe uma excelente promoção dos convidados ocasionais. Deram-se «coincidências» curiosas. Bill Clinton, Tony Blair, George Robertson, Romano Prodi e Loyola de Palacios foram convidados pela primeira vez em 1991, 1993, 1998, 1999 e 2005, respectivamente. Presidente dos Estados Unidos, presidente do Partido Trabalhista e nas eleições seguintes (1997) primeiro-ministro, secretário-geral da NATO e presidente da Comissão Europeia, membro do European Advisory Council de Rothschild, o banco comprovadamente mais influente da Europa. A irmã de Loyola de Palacios, Ana Palacio, ocuparia o cargo de vice-presidente do Banco Mundial.





h) A Comissão Trilateral ou, simplesmente, Trilateral. Uma selecção do BG, do CFR, da B’Nai B’Rith e de um grupo de japoneses constituiu, em Novembro de 1972, numa reunião confidencial, a Trilateral Commission. A ela assistiram David Rockefeller (líder do BG que, aos 80 anos de idade – em 2002 – foi nomeado presidente honorário da Trilateral), George S. Franklin, dirigente do CFR, e Max Kohnstam, entre outros. Constituída por três anos (Quioto, 1975) e, a partir de então, indefinidamente. O nome alude, segundo alguns, aos «três lados» (Estados Unidos, Europa e Japão). E, segundo outros, também ao «triângulo» de inegável ressonância maçónica. Como promotor aparece o judeu de ascendência polaca Zbigniew Brzezinski, autor de Between Two Ages: America’s Role in the Technotronic Era («Entre Duas Eras: o Papel da América na Era Tecnotrónica»), que é «como que o fundamento ideológico da Trilateral» apesar do seu erro total de prognóstico: «Devemos procurar a cooperação com os países comunistas através de uma acomodação primeiro política e depois filosófica», numa frase que sintetiza o seu pensamento neste livro. Como chefe de operações e garante económico figura o fabiano e mação de altíssimo grau David Rockefeller, que controla os três bancos mais poderosos dos Estados Unidos (o Chase Manhattan Bank, o Bank of America e o First National City Bank de Nova Iorque), além de um sem-número de empresas e de outros bancos «menores». Não se sabe se Brzezinski é ou não mação; a sua mulher, Emilie Benes, era sobrinha de Eduard Benes, Grão-Mestre da maçonaria checa e presidente da Checoslováquia.

A Trilateral é uma organização «privada», com mais de 300 membros, que promove a colaboração económica e cultural entre estes três pólos. Os seus membros provêm dos sectores político, financeiro e dos meios de comunicação social. Segundo o relatório da Comissão Parlamentar Italiana encarregada de investigar o caso da Loja P2 («Relazione della Commissione Parlamentare d’Inchiesta sulla Logia Massonica P2), a Trilateral é próxima e tem afinidades com a maçonaria. São membros da Trilateral os espanhóis Claudio Boada, o socialista Júlio Feo (assessor de Filipe González), Miguel Herrero de Miñón (mação, membro do Comité Executivo da Comissão desde 1995), Victoria Camps (professora e senadora socialista), Carmen Iglesias (membro da Real Academia Espanhola e da Real Academia de Histórica), Emilio e Ybarra, Antonio Garrigues Walker (mação, vice-presidente e da secção europeia).

Segundo o seu anuário confidencial, em 1984 faziam parte da Trilateral 98 personalidades da América do Norte (pelo menos 10 do Canadá e as restantes dos Estados Unidos), 146 da Europa (…) e 81 do Japão.


Conspirações maçónicas?

(…) convém introduzir algumas observações e alguns critérios para um recto discernimento acerca da existência ou não de uma conspiração seja de que natureza for, maçónica ou não.




1. Naturalmente, uma coisa é a fundação do Bilderberg Group ou da Trilateral, etc., obra de mações que até certo ponto podem marcar a orientação destes organismos. Outra é que a sua direcção seja necessariamente maçónica, como sem dúvida é quando à sua frente se encontra um membro da família Rockefeller. E outra ainda é poderem ser catalogados como organizações-fachada da maçonaria.

2. Quando os membros são mações, e são conhecidos como tal, é lógico e natural que actuem de acordo com as suas ideologias e os seus princípios maçónicos, desde que isso permita que intervenham com a mesma coerência os membros que não são mações, cristãos ou não.

3. Para dissipar qualquer sombra de conspiração maçónica dever-se-ia conhecer a pessoa (individual ou colectiva) que nomeia o encarregado de organizar o Bilderberg Group, por exemplo, bem como de escolher os convidados. Serão os convites feitos tendo em atenção razões objectivas (méritos pessoais, cargo e função que desempenham) ou têm-se em conta motivações e afinidades ideológicas? Basta que a mesma pessoa seja encarregada de o fazer durante vários anos ou que se escolha cerca de metade dos participantes «livremente» entre personalidades, por exemplo, maçónicas, para se poder falar de «conspiração» pelo menos anónima e dos seus efeitos nocivos.

4. O segredo maçónico dificulta muito a identificação de cada membro e do organismo enquanto tal, assim como a transparência necessária para afastar a dúvida ou a suspeita de conspiração. No entanto, todos os sintomas e indícios convergem na mesma direcção.

Por vezes, a realidade coincide posteriormente, pelo menos nas suas linhas gerais, como o que foi projectado por indivíduos iluminados, ainda que os seus executores desconhecessem a existência do projecto. Esta reflexão assenta como uma luva à correspondência mantida entre dois mações esclarecidos, Albert Pike e Giuseppe Mazzini, em 1870-1871. As suas cartas conservam-se na biblioteca do British Museum, em Londres (11).


Qualquer pessoa pode perceber a lógica hegeliana, ou seja, a dialéctica que, partindo de dois opostos (tese-antítese), os supera e aperfeiçoa numa síntese que pode, por sua vez, converter-se numa nova etapa do processo dialéctico. Hegel descobriu a sua dialéctica no pensamento humano, na história dos povos e também na natureza: grão de trigo (tese) semeado, enterrado e apodrecido (antítese), dá novo caule e espiga com muitos grãos de trigo (síntese). Georg F. Wilhelm Hegel (1770-1831) entusiasmou-se com a Revolução Francesa a ponto de festejar o dia da tomada da Bastilha (14 de Julho) como seu aniversário. Pensava que tinha sido plasmado o antropocentrismo – o homem erigido em centro do universo. Nos últimos anos da sua vida, manteve-se entusiasmado pelo ideal do espírito revolucionário (tese), mas horrorizado pela sua concretização na Revolução Francesa numa orgia de sangue e violência (antítese).

Albert S. Pike (1809-1891) destacou-se como advogado, militar (brigadeiro sulista durante a Guerra de Secessão americana), estudioso das religiões, administrador de assuntos dos índios do Oklahoma, mação (12) responsável máximo dos Illuminati a partir de 1859, entusiasmado para pôr em marcha um Governo e uma Nova Ordem mundiais. A sua ligação ao Ku-Klux-Klan (aparentemente terá sido um dos seus co-fundadores) e o seu racismo (contra os negros), geralmente comum entre os brancos sulistas, assinalam o lado obscuro da sua brilhante biografia. Por este e outros motivos, compreende-se que os mações actuais dos Estados Unidos estejam a submeter Pike a um processo de desmistificação e que, por vezes, falem dele com algum receio e cautela. G. Mazzini (1805-1871), por seu lado, precursor da unificação italiana, mação grau 33 da maçonaria italiana (grau obtido na Universidade de Génova), promoveu a incorporação de mações italianos na Maçonaria Florestal ou Carbonária, radicalmente agressivos contra a Igreja Católica. Organizou o grupo político chamado Jovem Itália, que foi transposto para outros países. O poeta Heinrich Heine pertenceu à jovem Alemanha e Benjamin Disraeli (mação, primeiro-ministro do Reino Unido) à jovem Inglaterra.

A carta de Pike a Mazzini (datada de 15 de Agosto de 1871) informa-o do projecto dos Illuminati: «Promoveremos três guerras que irão afectar o mundo inteiro». De acordo com a terminologia hegeliana, considera como tese a Europa não russa. A Primeira Guerra Mundial destruiria os czares do seu poder e transformaria a Rússia na sede central e na fortaleza do comunismo ateu». Desta maneira, a Rússia seria a antítese da Europa cristã e o instrumento adequado para «destruir outros Governos e debilitar as religiões».




A Segunda Guerra Mundial seria provocada pelos confrontos político-ideológicos entre os regimes ditatoriais europeus e o sionismo ou judaísmo. Não é difícil recordar o nazismo e o fascismo. Esses confrontos teriam como resultado «o estabelecimento de um Estado soberano sionista na Palestina» e a consolidação do comunismo internacional, «capaz de fazer frente ao cristianismo» nas suas diversas ramificações.

A Terceira Guerra Mundial oporá os sionistas e os muçulmanos. Então deverá promover-se «a destruição mútua do sionismo político e do islamismo». As circunstâncias deste conflito farão com que «outras nações entrem na luta de tal sorte que fiquem esgotadas física, mental, espiritual e economicamente.

A seguir, de acordo com o projecto avançado por Pike, os Illuminati serão os revolucionários causadores do «maior cataclismo jamais conhecido». «Os cidadãos serão obrigados a defender-se de uma minoria radicalizada de nihillistas ateus». As massas sentir-se-ão abandonadas pelas autoridades religiosas e políticas e a sua convulsão desesperada provocará a «destruição simultânea do cristianismo e do ateísmo». As massas lançar-se-ão «em busca de um ideal». Então os Illuminati apresentarão à humanidade um novo líder e governante mundial, que será como que uma segunda encarnação de Jesus Cristo. Não custa muito identificá-lo com a «Energia Crística» ou o «Cristo Cósmico» da New Age. Então há-de revelar-se «a luz verdadeira», ou seja, a «manifestação universal de Lúcifer», o Portador da Luz».


Penso que se sobrevalorizou excessivamente a influência dos Illuminati enquanto tais, agrupados nas diferentes organizações, seita ou não, assim chamadas. No entanto, o prognóstico de Pike parece um projecto dramático em vários actos já vistos ou realizados à excepção do terceiro, que acaba de ter início, e do desenlace. Haverá quem possa imaginar, que está prestes a subir pela última vez o pano do cenário mundial. Seria interessante investigar se os Illuminati mais ou menos formais (a Loja Rockefeller, a Ordem Illuminati, etc.) e os «informais» (Bilderberg Group, Skull and Bones, as principais obediências maçónicas) leram e estudaram a correspondência entre Pike e Mazzini. A espanhola Ordem illuminati, apesar da sua influência relativa, não está em sintonia com esta partitura. Enfim, como já foi indicado no final da apresentação desta obra, o destino de uma sociedade depende, geralmente, do dinamismo criativo de minorias selectas e mais ainda da liberdade individual das pessoas, especialmente das personagens da história nas diferentes vertentes socioculturais e individuais. Pensemos na marca deixada por alguém que, aparentemente, morreu no mais desastroso e ignóbil fracasso. Assim teria sido, na realidade, se não tivesse ressuscitado, se não fosse Deus: Jesus Cristo (13).

(in ob. cit., pp. 335-346).


Notas:

(9) Cf. D. Estulin, La Verdadera Historia..., p. 28.

(10) Cf. D. Estulin, op. cit., pp. 51-56.

(11) Parte das cartas foi publicada no livro Pawns in the Game de William Guy Carr, ex-agente dos serviços secretos do Reino Unido. Conheço-as por meio de P. H. Koch, op. cit., pp. 81-89.

(12) Soberano Grão-Comendador do Rito EAA para os Estados Unidos durante mais de 30 anos (1859-1891), autor de livros, de grande influência, sobre questões maçónicas, «a personalidade mais importante da maçonaria norte-americana do século XIX» (J. Ridley, op. cit., p. 230).

(13) Pensemos na influência de Homero, Sócrates, Buda, Alexandre Magno, Maomé, os Reis Católicos, Napoleão, etc.







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