sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Modernismo, Aggiornamento, e Ostpolitik (iii)

Escrito por Roberto de Mattei





O Beijo de Judas, Fresco na Capela da Arena, Pádua (Giotto di Bondone, 1267-1337).



«Na tarde de 28 de Outubro de 1958, o Cardeal Canali anunciou à multidão reunida na Praça de São Pedro que Angelo Giuseppe Roncalli, patriarca de Veneza, de setenta e sete anos, tinha sido eleito para o sólio pontifício com o nome de João XXIII, um nome inesperado, que não era utilizado desde o longínquo ano de 1415, altura em que outro João XXIII fora deposto como antipapa.

(...) O Magistério sempre tinha ensinado que as fontes da Revelação são duas: a Sagrada Escritura e a Tradição, a primeira inspirada, a segunda divinamente assistida. A Tradição é a regra infalível da fé católica, que na Igreja precede a Escritura: com efeito, houve uma época em que nada se sabia de uma Sagrada Escritura do Novo Testamento, mas não houve uma época alguma em que não existisse uma Tradição oral remontando ao próprio Jesus e aos primeiros apóstolos. Este único depósito da Revelação divina está confiado à autoridade da Igreja, que é a guardiã da regra segunda (ou próxima) da fé para todos os crentes. Como bem explica o Cardeal Billot, "a Tradição é a regra da fé que precede a Escritura em razão do tempo, do conhecimento e da extensão. Essa distingue-se da Escritura [...] por ser uma regra, não só remota, mas próxima e imediata". O depósito da Revelação está inteiramente contido, não na Escritura, mas na Tradição, estabelecida pelo próprio Cristo como o orgão fundamental para a transmissão da sua doutrina ao longo dos séculos.

O biblicismo foi, no decurso dos séculos, a bandeira de todas as correntes que pretenderam negar a autoridade da Igreja em nome da Sagrada Escritura. Ao Magistério, regra católica da fé, opôs o protestantismo a "Palavra de Deus" como única regula fidei, norma absoluta pela qual são medidas todas as doutrinas e todas as acções. Já antes de Lutero, John Wyclif e Ian Hus teorizavam no sentido de um biblicismo integral.

Os inovadores do Concílio Vaticano II, sem negarem a Tradição, reduziam o seu papel e transmutavam o seu significado. Não a reconheciam como constitutiva, mas apenas como "interpretativa" da Revelação, que estaria contida unicamente na Escritura. Neste sentido, o intérprete da Escritura, e portanto da Tradição, não seria o Magistério da Igreja, mas sim o dos exegetas e dos teólogos que propunham a absorção da dualidade das fontes (Escritura e Tradição) na unicidade da Revelação.

(...) Na tarde de 26 de Outubro de 1962, Congar apresentou a posição progressista sobre a Tradição numa conferência proferida no Seminário Francês, que Mons. Charue classificou como "incomparável" e que resumiu numa frase: "Não há duas fontes, mas apenas uma, o Evangelho proveniente de duas vias..."».

Roberto de Mattei («O Concílio Vaticano II. Uma história nunca escrita»).





«... um grupo [neomodernista] que se agita infatigavelmente com o objectivo de abrir brechas cada vez maiores no edifício sobre-humano da fé católica, com o pretexto de que a única coisa que hoje interessa é a novidade, uma vez que o Evangelho a ter em consideração não é o do passado, mas o do futuro, e a Igreja à qual devemos obedecer não é a que conhecemos, mas a do futuro.

(...) E foi assim que chegámos à "nova teologia", inspirada pelas palavras de ordem do momento, pela "nova moral", que pretende satisfazer as paixões humanas e abolir a noção e o sentido do pecado, pela "nova história", que consagra o historicismo e o triunfo do facto, pelo "novo direito", que proclama a liberdade do mal e daqueles que têm poder suficiente para tudo se permitirem, da "nova psicologia", baseada numa psicanálise pansexual, da "nova pedagogia", que satisfaz todos os instintos, e da "nova arte sacra", que exalta o surrealismo e o conceptualismo dos charlatães. O vocábulo "princípios", que tão usado foi no passado, está a desaparecer de circulação. [...] Fundando-se sobre o duplo mito da liberdade humana e do progresso humano, duplo postulado gnóstico que diviniza a passageira contingência do nosso valor individual e do nosso eterno fluir colectivo com vista a um futuro ignoto, fazendo dela um sucedâneo do Absoluto, os progressistas do nosso tempo transformam a religião e a ciência numa busca contínua, sem determinarem a finalidade, o objectivo e as "constantes" que qualquer fé e qualquer ciência têm de pré-fixar. Assiste-se ao triunfo da indeterminação, ou seja, do relativismo e, no fundo, da negação».

Mons. Antonino Romeo («L'Enciclica "Divino Afflante Spiritu" e le "opiniones novae"», in Divinitas, 4, 1960).




O Anticristo do pintor italiano Luca Signorelli (Fresco na Catedral de Orvieto).




«O processo da Revolução começa no final da Idade Média, progredindo com o Renascimento pagão e faz grandes progressos durante a pseudo-Reforma. Durante a Revolução Francesa, destruiu a base política e social da Igreja, durante a expugnação do Estado pontifício julgou ter destruído a Santa Sé, com a secularização dos bens religiosos e das dioceses dispersou o património da Igreja, com o modernismo criou uma gravíssima crise interna e por último, com o comunismo criou um instrumento decisivo para erradicar da face da terra o nome de cristão.

A enorme força da Revolução provém do uso sapiente das paixões humanas. O comunismo criou a ciência da Revolução, cujas armas basilares são as paixões humanas desenfreadas incitadas de forma metódica.

A Revolução serve-se de dois vícios como forças de destruição da sociedade católica e de construção da sociedade ateia: a sensualidade e a soberba. Estas paixões desordenadas e fortes são orientadas de forma científica para um fim determinado, e submetem-se à férrea disciplina dos seus dirigentes, a fim de destruir a cidade de Deus nos seus fundamentos e de construir a cidade dos homens. Apoiam até a ditadura e sustentam a pobreza, com o fim de construir a ordem do Anticristo.

(...) A conspiração da Revolução é única e orgânica; e deve ser combatida de uma forma e com uma acção unitária e orgânica.

(...) Parece-me que deve ser criada uma estratégia católica e um centro de metódica batalha contra a revolução em todo o mundo, e que os católicos devem ser chamados a isto. É razoável que a Santa Sé dirija esta "ofensiva". Os elementos do clero e do laicado que já foram provados na batalha contra-revolucionária devem constituir o "estado-maior" deste exército. Deve ser criada uma verdadeira ciência da guerra contra-revolucionária, tal como existe uma ciência da Revolução.

A batalha católica contra os inimigos da Igreja parece-me muitas vezes ser uma batalha de cegos contra quem vê. Ignoramos os fins, o método, a dinâmica, a estratégia e as armas.



(...) A força da Santa Sé é imensa. Se os fiéis fossem chamados a rebate e fossem orientados para a acção de modo enérgico, claro, metódico, com uma verdadeira batalha mundial, sob a direcção do Romano Pontífice, o caminho triunfal da Revolução seria interrompido e assistiríamos à fundação do reino do Sacratíssimo Coração de Jesus. "Restaurar todas as coisas em Cristo".

(...) Muitos católicos sentem a forte tentação de tratar o comunismo da mesma maneira como, no século passado, a Igreja tratou o liberalismo, e como continua a tratá-lo no nosso tempo.

(...) A cooperação com o comunismo terá sempre como resultado a ruína da Igreja.

A solução para as actuais dificuldades não se encontra principalmente em conferências internacionais, mas na nova cristianização dos costumes. Se Deus e o seu Cristo fossem colocados como fundamento da vida individual, familiar e nacional, as próprias forças da natureza voltariam a reclamar soluções naturais, que seriam promovidas pelo intelecto e a boa vontade dos homens.

(...) Se o Concílio Ecuménico apresentasse um programa positivo de acção contra-revolucionária e de construção da Cristandade, com os seus concretos elementos e convocasse os católicos para esse fim, estou convencido de que assistiríamos à aurora do Reino do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria».

D. Geraldo de Proença Sigaud (in «De atheismo positivo seu constructivo ut irreliogiositatis nostri temporis fundamenta»).


«Escreve Marx no Manifesto Comunista:

"Os comunistas fazem questão de revelar as suas opiniões e intenções. Eles declaram manifestamente que os seus objectivos só podem ser alcançados pelo derrube violento de toda e qualquer estrutura social existente. - ...Só há um método para reduzir e simplificar os mortíferos tormentos da velha sociedade, bem como as sangrentas dores de parto da nova sociedade, que é o terrorismo revolucionário".



(...) Lenin: o ateísmo é parte integral do marxismo. Marxismo é materialismo. Temos que combater a religião. Tal é o ABC de todo o materialismo e, consequentemente, do marxismo.

(...) Solzhenitsyn revela no seu monumental Gulag Archipelago que o passatempo de Yagoda, o ministro soviético dos Negócios Estrangeiros, era despir-se para, uma vez nu, disparar sobre as imagens de Jesus e dos santos. Nisto, um par de camaradas juntara-se-lhe. Mais um ritual satânico nos altos escalões comunistas.

(...) Matar inimigos políticos, fazer a guerra e desencadear a revolução genocida é prova da maldade humana. Mas os comunistas russos, tendo assassinado milhões de inimigos, acabaram por dirigir a sua violência contra os seus próprios amigos, incluindo os mais destacados camaradas que levaram a cabo a revolução. Esta é a marca do satanismo. É a revolução destituída de qualquer objectivo que não seja matar por matar, e que Marx designava por "revolução permanente"».

Richard Wurmbrand («Marx and Satan»).


«Sendo o comunismo "intrinsecamente perverso", e condenado por todos os Papas desde 1846, jamais poderá ser a solução para a totalidade dos problemas sociais, bem complexos, que afligem a Humanidade.

Num discurso pronunciado em Harvard, em Junho de 1978, perante estudantes universitários, Solzhenitsyn disse: "Se como o proclama o humanismo (ramo ocidental do marxismo), o homem apenas nasceu para a felicidade também não terá nascido para morrer. Estando, corporalmente, votado a morrer mais espiritual se torna a sua tarefa sobre a terra: não por um saciamento quotidiano, não pela procura de melhores meios de aquisição - depois de alegres dispêndios de bens materiais - mas pelo cumprimento de um duro e permanente dever de forma que todo o caminho da vida se torne a experiência de uma elevação antes do mais espiritual; abandonar esta vida como criaturas mais elevadas do que aquela em que tomamos parte. De forma inelutável somos forçados a rever a escala de valores que se difunde entre os homens e a afastarmo-nos de tudo o que ela comporta de erróneo.

Torna-se impossível que a apreciação levada a efeito sobre a actividade de um presidente não se reduza a saber qual é o seu ordenado e se a gasolina se vende sem limitação de quantidade. Somente a auto-educação voluntária e a auto-limitação resplandecente eleva os homens para além da vaga material da existência.

Desesperadamente, agarramo-nos hoje a fórmulas anquilosadas herdadas da era das Luzes, mostramo-nos, decididamente, retrógrados. É que tal dogmática social torna-nos impotentes perante as provocações da época actual».

Deirdre Manifold («Fátima e a Grande Conspiração»).








(...) O encontro de Metz

(...) em Agosto de 1962 tem lugar em Metz (40) um encontro secreto entre o Cardeal Tisserant e o novo arcebispo ortodoxo de Yaroslav, Nikodim (41). Estabelece-se aí um acordo com base no qual o patriarca de Moscovo acolherá o convite pontifício se o Papa garantir que o Concílio se absterá de condenar o comunismo.

O encontro de Metz foi ignorado ou posto em dúvida por alguns historiadores, mas Serge Bolshkoff (42), nas suas memórias inéditas sobre o Cardeal Tisserant, e o Padre Emmnauel Lanne (43), que as consultou, apresentam uma documentada reconstituição do mesmo (44).

O Comité Central do Conselho Ecuménico das Igrejas (COE) tinha-se reunido em Paris nos começos de Agosto de 1962. O Vaticano fora representado por Mons. Willebrands, que, a 11 de Agosto, se avistou com Nikodim, o representante da Igreja Ortodoxa Russa, que entrara para o COE no ano anterior, em Nova Deli. Nikodim abordou imediatamente com Willebrands o problema da participação de observadores ortodoxos no Concílio, e convidou-o insistentemente a tratar a questão directamente com Moscovo (45). Entretanto, Bolshkoff, que estava ligado ao mosteiro de Chevetogne, organizava um encontro a ter lugar a 18 de Agosto em Metz, na Lorena, no qual participariam Nikodim, o Cardeal Tisserant e Mons. Basile Krivochéine (46), arcebispo ortodoxo de Bruxelas.

Neste meio tempo, estabeleciam-se contactos entre o Kremlin e o delegado apostólico da Turquia, Mons. Francesco Lardone (47), através do embaixador soviético em Ancara, a fim de obter a aprovação do governo de Moscovo à participação dos bispos católicos russos nos Concílio (48). Em 27 de Setembro e 2 de Outubro de 1962, Mons. Willebrands empreendeu uma viagem secreta a Moscovo com o objectivo de dissipar as preocupações do Kremlin relativamente à atitude do Concílio quanto ao comunismo (49). Quando Willebrands regressou a Roma, o Cardeal Bea enviou o convite oficial ao patriarcado. A 10 de Outubro, véspera da abertura oficial do Concílio, o Patriarca Alexis e o seu sínodo enviaram um telegrama oficial de aceitação, e os observadores russos, o arcipreste Vitalij Borovoij e o Arquimandrita Vladimir Kotlyarov, chegaram a Roma na tarde de 12 de Outubro.

Entretanto, em Constantinopla, o Patriarca Atenágoras, sem conhecimento das negociações secretas e convencido de que a igreja russa não enviaria observadores, reuniu o seu sínodo e, embora fosse pessoalmente favorável à aceitação do convite do Papa, para não ferir a unidade pan-ortodoxa, declarou que lhe era impossível enviar observadores a Roma (50). O Patriarca de Moscovo tinha portanto passado habilmente por cima do de Constantinopla, estabelecendo uma nova rede de relações com o Vaticano. «Seguiram-se penosas recriminações entre os ortodoxos, bem como contra o Secretariado, como se este tivesse querido dividir a ortodoxia», recorda o biógrafo de Bea (51). Com efeito, foi necessário um encontro entre Paulo VI e Atenágoras, que teria lugar em Janeiro de 1964, para desbloquear a situação e tornar possível a participação de observadores das igrejas ortodoxas a partir do terceiro período do Concílio. «A decisão de convidar os não católicos como observadores foi uma das mais importantes que se tomaram durante a fase preparatória, com consequências, quer no carácter que o Concílio assumiu, quer naquilo que realizou, que superaram em muito as expectativas mais optimistas», sublinha Komonchak. «Em muitos aspectos, a presença destes observadores assinalou "o fim da Contra-Reforma"» (52).



(...) O comunismo no Concílio






O Magistério da Igreja Católica tinha-se exprimido repetidamente contra o comunismo com palavras de clara condenação, em particular na encíclica Divinis Redemptoris, de Pio XI, de 19 de Março de 1937 (53), e na encíclica Ad Apostolorum Principis, de Pio XII, de 29 de Junho de 1958 (54). Em Abril de 1959, um decreto do Santo Ofício tinha reafirmado a validade da excomunhão de 7 de Janeiro de 1949 contra todo o tipo de colaboração com o comunismo (55). Mas João XXIII não partilhava do conteúdo do documento de 1949, como confiou a vários interlocutores, entre os quais Mons. Parente («no fundo, os comunistas andam à procura da justiça e são gente que sofre») (56).

Nos vota enviados pelos bispos a Roma para o Concílio, o comunismo figurava como o mais grave dos erros a condenar (57). Na fase antepreparatória do Concílio, nada menos que 378 bispos tinham solicitado que se tratasse do ateísmo moderno, e em especial do comunismo, indicando os remédios para fazer face a este perigo (58). O arcebispo vietnamita de Hué, Ngô-Dinh-Thuc (59), por exemplo, definia o comunismo como «o problema dos problemas» (60), a mais importante questão do momento. Numa intervenção à Comissão sobre o tema do comunismo, Mons. Ngô-Dinh-Thuc tinha declarado:

«Até ao momento, a nossa Comissão Central Preparatória analisou muitos problemas, mas o comunismo parece-me ser o problema dos problemas; com efeito, diz respeito à própria existência do Cristianismo, que coloca no maior dos perigos. Discutir os outros problemas sem atribuir o primeiro lugar à solução dos problemas resultantes do comunismo parece-me ser o mesmo que seguir o exemplo dos teólogos de Constantinopla, que discutiam asperamente o sexo dos anjos enquanto o exército dos maometanos ameaçava já os próprios muros da cidade. A dolorosa condição da Igreja da China é talvez resultante da nossa falta de preparação. Contudo, relativamente às nações que se encontram actualmente na mão de comunistas, como o Laos e o Vietname, parece-me que os católicos, e sobretudo os bispos do mundo católico, não devem limitar a sua solicitude a oferecer algumas orações, mas podem oferecer um auxílio valiosíssimo se levantarem a opinião pública dos respectivos países em favor das nações oprimidas. Estamos todos estupefactos com o silêncio do mundo católico perante a agonia do infelicíssimo povo do Laos e da paixão do povo vietnamita, ao mesmo tempo que se ouve por todo o lado a voz dos comunistas e dos seus cúmplices que vivem nas nações democráticas, entre os quais alguns católicos, que preferem ladrar em coro com os lobos: A voz, dizia, de quem condena as vítimas e exalta os autores da carnificina» (61).

Na fase preparatória que se seguiu, o tema do comunismo foi atribuído à Comissão Doutrinal, com a seguinte formulação: «Seja integralmente exposta a doutrina católica e rejeitados os principais erros do nosso tempo, ou seja, o naturalismo, o materialismo, o comunismo, o laicismo» (62). Contudo, a Comissão Teológica não abordou esta questão, que foi tratada, do ponto de vista pastoral, por outras três comissões: a Comissão dos Bispos e do Governo das Dioceses (63), que aceitou um texto de condenação do comunismo (com três votos contra, entre os quais o do Cardeal Tisserant) (64); a Comissão da Disciplina do Clero e do Povo Cristão, que foi vaga, substituindo a designação "comunismo" pela designação mais genérica de "materialismo"; a Comissão para o Apostolado dos Leigos, que também aprovou um texto genérico e ambíguo. O tema também não foi alvo de grande atenção nos trabalhos da Comissão Central, que seleccionava as propostas apresentadas pelas comissões preparatórias. O Cardeal Montini, por exemplo, usou palavras muito cautas, perguntando se a razão da expansão do comunismo não seriam os erros da própria Igreja, e o Cardeal Alfrink pediu que se distinguisse, no comunismo, os fins dos meios, porque os fins podiam, de certa maneira, ser considerados justos (65). Durante a Primeira Sessão do Concílio, o Cardeal Tisserant, que presidia à subcomissão mista responsável pelo esquema De cura animarum, insistiu para que a palavra communismus fosse eliminada do projecto e é provável, observa Giovanni Turbanti, que tenha também intervindo no sentido de serem cancelados os parágrafos de denúncia das perseguições nos países comunistas (66).






A 2 de Novembro de 1962, Plínio Corrêa de Oliveira avistou-se com o Cardeal Tisserant, que lhe pareceu, mau grado os seus 80 anos, «lúcido, calmo, vivo» (67). O cardeal confiou-lhe ter participado nas negociações com os cismáticos ortodoxos russos: «Moscovo exigiu que não se falasse contra o comunismo no Concílio e Roma aceitou», declarou, acrescentando que lhe parecia «possível falar contra o materialismo e o ateísmo, sem mencionar o comunismo; deste modo, o Concílio, que apenas trata de religião, pode perfeitamente desenvolver a sua missão»; além disso, prosseguiu, «como é possível condenar o facto de se pegar no dinheiro dos ricos para o dar aos pobres?» Fora por esta razão, dizia o cardeal, que a Santa Sé tinha aceitado as condições do Kremlin. No decurso da conversa, que se desenrolou em francês, Tisserant elogiou o Cardeal Stefan Wyszynski, caracterizou o Cardeal Mindszenty como um «pauvre imbécile», e declarou que era mais difícil converter um monárquico cismático que um comunista ateu, porque «o primeiro aceita somente o czar como seu chefe, enquanto o segundo não alimenta preconceitos anti-romanos» (68).

Por esta altura, e na sequência do falecimento do Cardeal Alojzije Stepinac - morto por envenenamento a 10 de Fevereiro de 1962 -, o Cardeal Mindszenty era o único símbolo da resistência eclesiástica ao comunismo. Até então, a posição dos dois príncipes da Igreja tinha coincidido com as indicações provenientes da Santa Sé; contudo, no princípio dos anos 60, tanto o quadro internacional como o quadro eclesiástico pareciam ter-se alterado (69).


(...) Os observadores da Igreja "Ortodoxa Russa"

Na tarde de 12 de Outubro, chegaram a Roma os observadores da Igreja Ortodoxa Russa: o arcipreste Vitalij Borovoij e o arquimandrita Vladimir Koltyarov, «obviamente já aprovados e examinados pelos orgãos políticos e policiais», nas palavras de Alberto Melloni (70). Ambos ficaram mais do que satisfeitos com as palavras de João XXIII, que confirmavam as garantias dadas ao Patriarcado de Moscovo pelo Cardeal Tisserant e por Mons. Willebrands.

Recorda Borovoij:

«A principal preocupação do Papa era o insistente desejo dos círculos políticos e clericais conservadores, que pretendiam usar a Igreja e o Concílio para condenar os comunistas. [...] O Papa, que procurava a unidade e a paz entre todos os homens, recusou estas reivindicações, pronunciando-se claramente no seu discurso inaugural ao Concílio, no qual enuncia a sua discordância relativamente aos profetas da desgraça e a adesão ao desígnio da bondade divina, que procura o bem da Igreja» (71).

Borovoij exprime depois o seu reconhecimento ao secretário do Cardeal Bea, confirmando implicitamente, com as suas palavras, as estreitas ligações que existiam entre o Patriarcado de Moscovo e o Kremlin: «O Secretariado para a Unidade e as cúpulas do Concílio - atesta ele - sempre defenderam os observadores e a dignidade da Igreja Ortodoxa Russa no caso de acções gravemente antimoscovitas, anti-russas ou anti-soviéticas, bem como no caso de acções gravemente organizadas pelas forças ultraconservadoras ou ultra nacional-chauvinistas, tanto no interior, como à margem do Concílio» (72).







Kremlin


Os jornalistas também foram um canal privilegiado de contactos entre o Kremlin e o Vaticano (73). E, entre estes, tínhamos in primis Anatolij Krassikov, oficialmente acreditado no Vaticano por conta da agência soviética Tass, cuja primeira reportagem, de tom inesperadamente favorável ao Vaticano, foi publicada pelo orgão soviético a 11 de Outubro e retomada, no dia seguinte, pela Izvestia, jornal que era dirigido pelo genro de Krushchev, Adjubei (74).


(...) A "mensagem ao mundo"

A 20 de Outubro, no início da terceira Congregação Geral, foi aprovada por mão no ar uma "Mensagem ao Mundo", cuja primeira versão tinha sido redigida pelo Padre Chenu (75). Embora não fosse propriamente um acto do Concílio, esta mensagem foi contudo a primeira manifestação pública dos Padres, que proclamavam: «No desenvolvimento dos nossos trabalhos, teremos em grande conta tudo aquilo que diz respeito à dignidade do homem e aquilo que contribui para a verdadeira fraternidade entre os povos» (76).

Uma das poucas vozes que se opôs foi a do Cardeal Heenan (77), arcebispo de Liverpool:

«Parece-me que não é altura de enviar mensagens a todos os homens, e seria uma triste coisa que a primeira mensagem fosse tão vaga e prolixa. Certamente que os jornais não publicarão quase nada desta mensagem. Insisto que seria preferível esperar um pouco até que, depois das discussões, se encontre alguma coisa efectivamente interessante a dizer a todos os homens, e que então poderá atrair as atenções do mundo. Com efeito, o mundo espera de nós uma palavra de compaixão e de esperança, para confortar os espíritos que estão cheios de angústia, com receio de uma guerra nuclear; e devemos dizer alguma coisa em nome daqueles Padres que não se encontram aqui connosco devido às perseguições, bem como uma palavra de compaixão pelos povos cristãos que se encontravam sujeitos ao comunismo, e também a esses devemos enviar uma palavra de conforto para a alma» (78).

A mensagem não teve qualquer impacto na imprensa, como Heenan tinha previsto, mas indicou uma orientação. A agência Tass transmitiu, sem comentários, a parte em que se dizia que não há ninguém «que deteste a guerra e que não tenda para a paz com ardente desejo», bem como a frase em que se dizia que o Concílio Ecuménico teria especialmente em conta nos seus trabalhos «tudo aquilo que diz respeito à dignidade do homem e aquilo que contribui para a verdadeira fraternidade entre os povos» (79).






Em contrapartida, quinze bispos católicos de rito oriental no exílio, os chamados uniatas - que, com a união de Brest, de 1956, se tinham voltado a reunir em Roma -, recusaram-se associar-se àquela mensagem, que não reflectia a dramática situação imposta pelo comunismo à Igreja dos países do Leste (80). A 23 de Novembro, estes bispos divulgaram o texto de uma declaração em que se reclamava a atenção do mundo para a ausência no Concílio do seu metropolita, Josef Slipyi (81), que estava deportado na Sibéria há mais de dezasseis anos e que era o único sobrevivente de onze bispos ucranianos enviados para os gulag, enquanto nas reuniões conciliares participavam dois observadores do Patriarcado de Moscovo, por eles definidos como «instrumento dócil e útil nas mãos do governo soviético» (82). Dois dias depois da publicação deste documento, numa conferência de imprensa convocada para 23 de Novembro, Mons. Willebrands defendeu os observadores russos em nome do Secretariado para a União dos Cristãos, afirmando que estes tinham «manifestado um espírito sinceramente religioso e ecuménico» e lamentando o comunicado dos bispos ucranianos (83). A 9 de Fevereiro do ano seguinte, o Cardeal Slipyi foi subitamente libertado e partiu para Roma.

Estava o Concílio a enviar a sua "Mensagem ao Mundo" quando explodiu uma crise internacional que colocou a humanidade à beira da III Guerra Mundial: os reconhecimentos fotográficos dos "aviões espiões" americanos à ilha de Cuba permitiram verificar a existência de mísseis de médio alcance, instalados pelo Kremlin e com capacidade para atingir uma grande parte do território americano. A 22 de Outubro, o Presidente Kennedy tornou operacional um bloqueio naval em torno da ilha, e, no dia seguinte, dispunha-se em águas cubanas uma frota soviética em posição de ataque. Após uma troca de mensagens entre Kennedy e Krushchev, a crise foi resolvida com um compromisso: retirada dos mísseis por parte dos russos e garantia da independência de Cuba por parte dos EUA, que levantaram o bloqueio (84).


(...) "Ar fresco na Igreja"

João XXIII comemorou o seu 81º aniversário no sábado, 25 de Novembro de 1962, no Colégio Urbano da Propaganda Fide, celebrando Missa para os 320 estudantes que ali se tinham reunido vindos de todas as partes do mundo. Na sua alocução, o Papa Roncalli voltou a salientar que estava convencido de que era Deus quem guiava o Concílio.




(...) Conta Chenu que, no decurso de uma conversa particular, os observadores católicos, incluindo os de Moscovo, tinham perguntado a João XXIII o que esperava do Concílio e que o Papa teria aberto uma janela e teria dito: «Isto, ar fresco na Igreja» (85). O episódio, ocorrido no mês de Outubro, foi também referido por Hans Küng quando, nos primeiros dias de Dezembro, foi convidado a tomar a palavra no U. S. Bishops Press Panel. No decurso do encontro, sem revelar o nome dos convidados do Papa, Küng contou que, respondendo a uma pessoa que lhe perguntara com que objectivo convocara o Concílio, João XXIII se teria dirigido à janela do aposento, a teria aberto e teria dito: «Deixemos entrar um pouco de ar puro na Igreja». E o teólogo Küng afirmava, sem ocultar o seu júbilo, que aquilo que até então tinha sido o sonho de um pequeno grupo de vanguarda, «se tinha difundido e, graças ao Concílio, tinha penetrado em toda a atmosfera da Igreja»; «o resultado mais decisivo da primeira sessão é talvez o facto de os bispos terem tomado consciência de que são eles, e não apenas a Cúria Romana, que formam a Igreja», acrescentou (86).

A palavra de ordem da "lufada de ar fresco" entrou em circulação como símbolo do "aggiornamento" e do "rejuvenescimento" necessário à Igreja. É evidente que, para João XXIII, comenta Mons. Gherardini, o ar que, até à véspera do Concílio Vaticano II, circulava na Igreja não era fresco. «Poder-se-ia até mesmo pensar que, para ele - e certamente não só para ele -, era pesado e irrespirável» (87).

(ibidem, pp. 149-154; 173-174; 180-182; 238-239).


Notas:

(40) Cf. J. MADIRAN, L'accord de Metz ou pourquoi notre Mère fut muette, Via Romana, Versalhes, 2006.

(41) Nikodim, que no século se chamava Boris Georgievic Rotov (1967-1978), foi arcebispo de Yaroslav (1960-1963), metropolita de Minsk (1963), depois de Leninegrado (1963-1967) e Novgorod (1967-1978), e finalmente exarca da Europa Ocidental (1974-1978). Morreu de enfarto, no Vaticano, a 5 de Setembro de 1978, enquanto era recebido em audiência por João Paulo II. Está documentado, com base em pesquisas de arquivo, que o Conselho Ecuménico das Igrejas era um organismo abundantemente infiltrado por agentes do Kremlin, e que o Metropolita Nikodim, que conseguiu ser eleito seu presidente, era funcionário da KGB (cf. GERHARD BESIER, ARMIN BIYENS e GERHARD LINDEMANN, Nationaler Protestantismus und Ökumnische Bewegung. Kirchliches Handeln in kalten Krieg (1945-1990), Dunker und Humblot, Berlim, 1999)

(42) Cf. SERGE BOLSHKOFF, Le cardinal Tisserant (1884-1974), edição dactilografada, Hauterive, 1984, pp. 15-17.

(43) Cf. EMMANUEL LANNE o.s.b., «La perception en Occident de la participation du patriarcat de Moscou à Vatican II», in Vatican II in Moscow, pp. 111-117. Cf. igualmente «Le "non possumus" du patriarcat de Moscou», in Istina, cit.




Tentação de Jesus Cristo




(44) O confronto documental também está presente no arquivo do Car. Tisserant, onde existe uma carta, datada de 22 de Agosto de 1962, na qual o purpurado francês escreve a Serge Bolshkoff, informando-o do encontro com Nikodim (Tisserant a Bolshkoff, 22 de Agosto de 1962, arquivo da Associação Amis Card. Tisserant, «Bolshkoff Serge», doc V 3, cit. in A TORNIELLI, Paolo VI, cit., p. 303). Sobre este episódio, veja-se igualmente TOMMASO RICCI, «Chiesa e comunismo. Quella "svista" del Concilio», in 30 Giorni, 8-9 (1989), pp. 56-63, e Id, «Il mistero del patto Roma-Mosca», in 30 Giorni, 10 (1989), pp. 275-280.

(45) J. WILLEBRANDS, «La recontre entre Rome et Moscou. Souvenirs», in Vatican II in Moscow, pp. 333-335.

(46) Basile Krivochéine (1900-1985), arcebispo ortodoxo de Bruxelas.

(47) Francesco Lardone (1887-1980), ordenado em 1910, arcebispo de Rize (1949), e Núncio Apostólico no Haiti e na República Dominicana (1949-1953), depois no Peru (1953-1959), sendo a Turquia o seu último destino como Internúncio Apostólico (1959-1966). Sobre a sua figura, cf. GIUSEPPE TUNINETTI, Monsignor Francesco Lardone (1887-1980). Il Nunzio Apostolico precursore della Ost-Politik, L'Artistica Savigliano, Savigliano, 1997.

(48) A. RICCARDI, Il Vaticano e Mosca 1940-1990, Laterza, Roma-Bari, 1993, pp. 232-238.

(49) Cf. o Relatório da Visita a Moscovo, de 7 de Outubro de 1962, cit., in P. CHENEAUX, L'Église catholique el le communisme en Europe (1917-1989). De Lénine à Jean Paul II, Cerf, Paris, 2009, pp. 256-257; J. WILLEBRANDS, «La rencontre», cit., pp. 336-338.

(50) Cf. J O. BEOZZO, «Il clima esterno», cit., p. 428.

(51) SCHMIDT, Bea, p. 382. O Metropolita grego ortodoxo Jakovos (1911-2005), das duas Américas, chegou a acusar o Vaticano de ter utilizado o Concílio para dividir e debilitar a ortodoxia (A. WENGER, Vatican II, cit., Première Session, pp. 222-265).

(52) J. A. KOMONCHAK, «La lotta per il Concilio durante la preparazione», cit., p. 349. Cf. igualmente Y. CONGAR o.p., «Le rôle des "Observateurs" dans l'avancée ecuménique», in Le Concile Vatican II. Son Église, Peuple de Dieu et corps du Christ, Beauchesne, Paris, 1984, pp. 90-98.

(53) AAS, 29 (1937), pp. 65-106.

(54) ASS, 50 (1958), pp. 601-614.

(55) AAS, 41 (1949), p. 34.

(56) Cit. in A. RICCARDI, Dalla Chiesa di Pio XII alla Chiesa giovannea, in ALBERIGO, Papa Giovanni, p. 151 (pp. 135-174).

(57) Sobre as relações entre a Igreja e o comunismo durante o concílio, cf. Wiltgen, pp. 269-274; A. WENGER, Vatican II, cit., vol. I, pp. 187-346; vol II, pp. 297-316; P. LEVILLAIN, La mécanique politique, cit., pp. 361-439; VINCENZO CARBONE, «Schemi e discussioni sull'ateismo e sul marxismo nel Concilio Vaticano II. Documentazione», in Rivista di Storia della Chiesa in Italia, vol. XLIV (1990), pp. 10-68.; A RICCARDI, Il Vaticano e Mosca, cit., pp. 217-304; GIOVANNI TURBANTI, «Il problema del comunismo al Concilio», in Vatican II in Moscow, pp. 147-187; P. CHENAUX, L´Eglise catholique et le communisme em Europe, cit., pp. 139-267.

(58) Cf. V. CARBONE, «Schemi e discussioni sull'ateismo e sul marxismo», cit., pp. 11-12.

(59) Pierre Martin Ngô Dinh-Thuc (1897-1984), vietnamita, ordenado em 1925, arcebispo de Hué (Vietname) entre 1960 e 1968. Membro da Comissão das Missões durante a Primeira Sessão. Depois do Concílio, ordenou alguns bispos por iniciativa própria e foi excomungado por Paulo VI.








(60) AD, II-II/3, pp. 774-776.

(61) AD, II-II/3, p. 775.

(62) AD, II-II/1, p. 408.

(63) AD, II-II/3, pp. 761-842.

(64) AD, II-II/3, 777-790.

(65) Cf. G. TURBANTI, «Il problema del comunismo al Concilio», in Vatican II in Moscow, p. 155.

(66) Ibid., p. 159.

(67) MARANHÃO GALLIEZ, Diário, 2 de Novembro de 1962.

(68) Ibid., O encontro, narrado por Murillo Maranhão Galliez, foi frequentes vezes confirmado por Plínio Corrêa de Oliveira (A-IPCO, reunião de 28 de Setembro de 1980).

(69) Cf. A. RICCARDI, Il Vaticano e Mosca, op. cit., pp. 151-158. A 3 de Outubro de 1956, Stepinac escrevia ao Padre Sakac: «Trava-se uma luta de vida ou de morte e não podemos recuar se não queremos trair a Deus. Também o sanguinário comunismo sabe perfeitamente que será destruído pela raiz mal o povo tenha oportunidade para tal. Não há no mundo força alguma capaz de reabilitar o comunismo aos olhos das massas, de tal maneira se tornou odioso com a sua violência sanguinária, as pilhagens, as mentiras e os actos inumanos, que não têm comparação na história do mundo. É uma verdadeira e viva imagem do inferno! Já disse várias vezes: se o inferno não fosse, por toda a eternidade, mais do que aquilo que hoje experimentamos, já seria uma coisa horrível e insuportável. E contudo, há ainda no Ocidente homens ingénuos que brincam com o fogo e que, na sua ingenuidade, acreditam na possibilidade de uma coexistência com o comunismo sanguinário. Não sabem que ele é a imagem viva do inferno, um verdadeiro mendatium incarnatum. O nosso chefe de Estado definiu em certa ocasião o comunismo como uma democracia de tipo superior. É uma definição que eu confirmo, mas com uma condição, que se insira uma sílaba na palavra "democracia" e se leia "demonocracia", já que apenas o demónio, enquanto ser superior - e não um cérebro humano normal -, poderia ter inventado tantas torturas para a infeliz humanidade» (A. STEPINAC, carta de 3 de Outubro de 1956 ao Padre Stjepan Sakac s.j., in Positio, cit., vol. III, p. 1257).

(70) A MELLONI, «Chiese sorelle, diplomazie nemiche. Il Vaticano II a Mosca fra propaganda, Ostpolitik ed ecumenismo», in Vatican II in Moscow, p. 8 (pp. 1-14).

(71) VITALIJ BOROVOIJ, «Il significato del Concilio Vaticano II per la chiesa ortodossa russa», in Vatican II in Moscow, p. 77 (pp. 73-89).

(72) Ibid., p. 79. Em Itália, L'Unità deu amplo espaço à presença dos dois observadores russos, «justificada pelo valor político que o PCI atribuía à sua participação, em explícito reconhecimento da importância atribuída ao Concílio pelo PCUS, sem cuja autorização não teriam podido vir a Roma, e do acordo implícito alcançado pelas duas Igrejas, de que o Concílio não se pronunciaria contra o comunismo» (R. BURIGANA, «Il Partito comunista italiano e la Chiesa», in Vatican II in Moscow, p. 205.

(73) NICOLAU A. KOVALSKIJ, «Vatican II and its Role in the History of the Twentieth Century», in Vatican II in Moscow, pp. 309-310.

(74) Cf. ANATOLIJ KRASSIKOV, «The Second Vatican Council in the context of Relations between the USSR and the Holy See», in Vatican II in Moscow, p. 314 (pp. 313-330).

(75) AS, I/I, pp. 230-232; o texto aprovado: ibid., pp. 254-256, tr. it. in CAPRILE, vol. II, pp. 49-51. A mensagem foi publicada em L'Osservatore Romano de 21 e 22-23 de Outubro de 1962.

(76) CAPRILE, vol. II, p. 50.

(77) John Heenan (1905-1975), inglês, ordenado em 1930. Arcebispo de Liverpool entre 1957 e 1963, depois de Westminster desde 1963 até à sua morte. Feito cardeal em 1965. Membro do Secretariado para a Unidade dos Cristãos.

(78) AS, I/I, p. 237.

(79) FESQUET, Diario, pp. 41-42.

(80) Entre eles, contava-se Ivan Bucko (1891-1974), ucraniano, ordenado em 1915, sagrado bispo por Mons. Andrea Alexander Szeptyckyi (1865-1944) em 1929, depois emigrado nos Estados Unidos. Bispo auxiliar de Filadélfia para os ucranianos católicos (1940-1945), depois arcebispo titular de Leucas, trabalhou em Roma, na Cúria, a partir de 1953.






(81) Josef Slipyi (1892-1984), da Arquidiocese de Leopoli (Ucrânia). Ordenado em 1917, arcebispo titular de Serre (1939), em 1944 sucedeu a Mons. Andrea Szepticky como arcebispo Metropolita di Leopoli. Preso em 1945, foi deportado e condenado a trabalhos forçados na Sibéria, onde passou 18 anos (1945-1963). Foi feito cardeal por Paulo VI a 22 de Fevereiro de 1965. Sobre os acontecimentos da Igreja ucraniana-rutena, cf. ALBERTO GALTER, Libro rosso della Chiesa perseguitata, tr. it. Ancora, Milão, 1956, e Cristiani d'Ucraina. Un popolo dilaniato ma indomabile, Aiuto alla Chiesa che soffre, Roma, 1983; D. PAULO VYSHKOVSKY o.m.i., Il martirio della Chiesa cattolica in Ucraina, Luci sull'Est, Roma, 2007. Sobre o Card. Slipiy, veja-se IVAN CHOMA, Josyf Slipiyj, "Vinctus Christi" et "Defensor Unitatis", Universitas Cattolica Ucrainorum S. Clementis Papae,Roma, 1997; ID., Josyf Slipyj, Padre confessore della Chiesa Ucraina martire, Aiuto alla Chiesa che soffre, Roma, 1990; do cardeal, veja-se o «Testamento», tr. it., in Quaderni di Cristianità, 1/2 (1985), pp. 26-44.7.

(82) G. F. SVIDERCOSCHI, Storia del Concilio, cit., pp. 164-165.

(83) Texto do comunicado em CAPRILE, vol. II, p. 202. CF. igualmente L'Osservatore Romano, 24 de Novembro, de 1962.

(84) Cf. MICHEL TATU, Power in the Kremlin: from Khrushchev to Kosygin, Penguin, Nova Iorque, 1974, pp. 230-297; MICHAEL R. BESCHLOSS, The Crisis Years. Kennedy and Khrushchev, 1960-1963, Harper & Collins, Nova Iorque, 1991.

(85) CHENU, Diario, p. 73.

(86) WILTGEN, pp. 58-59.

(87) B. GHERARDINI, Concilio Vaticano II, cit., p. 31.

Continua


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