quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Império do Espírito Santo e os Descobrimentos (ii)

Escrito por António Quadros






Mosteiro dos Jerónimos





«As virtudes teologais - Fé, Esperança e Caridade - insuflam na alma humana aquela força sobrenatural que lhe permite resistir, lutando, contra todas as forças adversas. Se a caracterologia depende da ética, a filosofia das virtudes pressupõe a filosofia dos valores e esta, por sua vez, a filosofia das ideias, meditação de mediação, caminho da liberdade. A obediência amante só existe na religião filosófica, quando o culto a Deus é esclarecido pela cultura, quando a piedade não fica absorvida por um sistema de hábitos, de costumes e de instituições.

A presença das virtudes teologais é patente em tudo quanto o homem actua, exprime e pensa; por isso, aos olhos inteligentes, não há palavras, actos ou exibições que substituam, simulando, as virtudes teologais; por isso é fácil aos homens pérfidos surpreender a perturbação dos falsos crentes nas horas de mais aleatória hipocrisia. As outras virtudes humanas, denominadas cardeais, assumem a mais alta dignidade acusatória perante a falsificação das virtudes teologais.

O cristão que perde os seus atributos essenciais, ainda que manifeste os atributos existentivos, não atinge maior altura espiritual do que o pagão ou o gentio. A prioridade das virtudes teologais sobre as virtudes cardeais é, por isso, uma das teses basilares da ética do cristianismo. Se assim não for, os substantivos que designam as virtudes teologais tornam-se abstractos, deixam de estar relacionados com os seus conceitos, aliam-se a adjectivos espúrios, perdem o significado linguístico, e por fim caem em desuso.

Admitindo, porém, com muitos escritores políticos, que o catolicismo é apenas um sistema de hábitos, de costumes e de instituições, estabelecido pela acção do apostolado em cada país da Terra, ainda assim poderíamos estudar a forma peculiar de receptividade e de adaptação de cada povo ao sistema de religião universal. A catolicidade não se configura neste aspecto estático e descritivo de formas de culto iguais, análogas ou semelhantes em todos os pontos do planeta; ela é conceito que significa a possibilidade de adaptação dinâmica a cada povo, sem o ferir na sua peculiaridade etnográfica. Aqui o extremo individualismo deixa perder de vista a formação orgânica que existe dentro de todos os povos.



Torre de Belém




Neste ponto de filosofia da história, muito controvertido por iluministas e socialistas, convém corrigir as expressões infelizes e insuficientes como a assaz banalizada "dilatação da fé". O subentendido não se afigura ao ouvinte ou ao leitor que, positivamente, desdenhe da teologia. A dilatação da fé passa, assim, a ser minorada em divulgação social do catecismo entre gentios, pagãos e infiéis, obra de ministério comparável ao ensino primário e secundário, com o mero intuito de estabelecer hábitos, costumes e instituições.

Torna-se indispensável exprimir sem ambages o pensamento cristão, e dizer completamente: dilatação da fé, da esperança e da caridade. Assim se legitima de sobrenatural sentido a intenção justificativa da epopeia dos descobrimentos, e só [firmada] esta doutrina podem então ser discutidos os argumentos antiteológicos dos iluministas e dos socialistas. A fórmula completa de referência às três virtudes esclarecerá, por fim, o aspecto diferenciado do que se chamou "colonização portuguesa".

A clara consciência dessa diferenciação justifica que os Portugueses, obedientes à Santa Sé em tudo quanto se considere de dever ecuménico, para todos os povos, ciosamente em tudo o mais reservem e cultivem o muito legítimo nacionalismo. Eles estão atentos e vigilantes contra os que pretendem vestir a religiosidade portuguesa de instituições, de costumes e de hábitos que surgiram em clima social e espiritual do estrangeiro, e por vezes reagem, em litígios que necessariamente tomam expressão política, contra o que possa ser, ou pelo menos parecer, subtil manobra de influência distante. Os exemplos mais conhecidos são os que relembram as tentativas para vestir de estilo francês, - mediante certas ordens religiosas, certas práticas de devoção, certas formas de apologética - ideias que não se adunam inteiramente à típica espiritualidade lusitana».

Álvaro Ribeiro («Os Positivistas»).


«Educado na severa disciplina de Cister, o monge Joaquim de Flora (1131-1202), ainda contemporâneo de S. Bernardo, que morreu em 1153, teria tido nas montanhas da Calábria, sua terra natal, no dia de Pentecostes de um ano que se calcula entre 1190 e 1195, uma inspiração que, à luz da revelação de S. João Baptista, lhe tornou claros os sinais dos tempos. Assim a descreveu ele próprio: Quando despertei, à aurora, reflecti sobre a revelação de S. João. De repente os olhos do meu espírito foram possuídos pela lucidez da visão e revelou-se-me o cumprimento desta obra sobre a concordância do Antigo e do Novo Testamento.




Armas da Ordem de Cister




Mosteiro de São João de Tarouca, fundado pela Ordem de Cister em Portugal - 1144).




Igreja do Mosteiro de S. João de Tarouca










Localização de Tarouca



Miradouro do Cristo Rei em Tarouca


O pensamento de Joaquim de Flora ficou expresso nas obras que escreveu, como o Psalterium Decem Chordarum, o Liber Concordiae Novi et Veteris Testamenti, o Tractatus Super Quator Evangelia, a Expositio in Apocalypsum ou a Epistola Prologalis. Muito embora o próprio Joaquim chegasse a ser beatificado, tendo sido admirado e protegido por Papas como Lúcio III, Urbano III, Celestino III e Inocêncio III, algumas das suas ideias fundamentais foram condenadas em 1215, no Concílio de Latrão.

O que teria sido revelado a Joaquim (e que segundo S. Tomás de Aquino não teria sido propriamente uma revelação sobrenatural, mas o produto de um agudo discernimento), foi a significação histórica e mística dos símbolos e das figuras do Testamento Antigo e Novo, coincidindo com uma total representação da história da salvação, do princípio ao fim e a realização histórica do Apocalipse.

Tudo se passou como se Joaquim de Flora tivesse descoberto uma chave para o sentido enigmático de toda a história, o que a seu ver lhe permitiu construir profeticamente as etapas futuras da evolução providencial da história.

Como disse o próprio Abade Joaquim, os sinais que o Evangelho descreve demonstram claramente o fracasso e a ruína do século, que se acha em decadência e terá que perecer. De aqui que eu considere oportuno e útil apresentar neste trabalho e à meditação dos crentes as coisas que a divina economia deu a conhecer à minha indigna pessoa, com o objectivo de despertar corações entorpecidos pelo sono e induzi-los, por uma nova forma de exegese, ao menosprezo do mundo.

Segundo o esquema de Joaquim de Flora, baseado na teologia da Trindade, três dispensações se produzem em três diferentes épocas, nas quais necessariamente se manifestam as três pessoas da Trindade, as do Pai, do Filho e do Espírito Santo, estando esta a principiar até à liberdade completa do espírito.

Nesta ordem de ideias, os judeus foram escravos na lei do Pai, os cristãos da segundo idade foram relativamente livres e espirituais, embora de um modo incompleto, mas só na terceira idade terão realidade as palavras de S. Paulo, quando venha aquele que é perfeito, o que só é em parte será abandonado.


Conversão de S. Paulo


As três idades sucedem-se e ao mesmo tempo sobrepõem-se, por assim dizer simbolicamente a primeira dispensação, que é a ordem dos casados e depende do Pai, a segunda que é a dos clérigos ou sacerdotes e depende do Filho e dentro desta a terceira, a ordem dos monges, dependente do Espírito da Verdade. Enquanto a primeira, orientada para o trabalho e a operosidade, possui virtualmente a scientia e a segunda, orientada para a disciplina e o estudo, possui a sapientia, é a terceira, tocada pela Graça, que possui a plenitude intellectus.

Há uma lei na história da salvação do homem por Deus, que é o progresso contínuo desde os tempos marcados pela obediência à letra dos testamentos Antigo e Novo, até ao cumprimento do seu espírito. Frei Joaquim lembra neste ponto, em analogia, a transformação da água em vinho, por Jesus.

O carácter mais original e ao mesmo tempo mais perturbante da teoria do Abade de Flora, o que lhe valeu maiores críticas, o que levou alguns dos seus discípulos até à heterodoxia teológica ou mesmo à heresia -, como no caso de Gerardo de Borso San Donnino, jovem leitor de teologia na Sorbonne, que em 1254, ao escrever a Introdução ao Evangelho Eterno, e ao marcar para dentro de 6 anos, na transição de 1260 para 1261 o início da dispensação do Espírito Santo e da nova Idade do Paráclito, foi julgado e acusado de incluir 31 proposições heréticas no seu livro, aliás queimado e desaparecido, sendo condenado à prisão perpétua -, terá sido sem dúvida a sua escatologia dupla, a de que há não só uma expectativa escatológica, a da parúsia, a da segunda vinda de Cristo precedendo o fim do mundo, mas também, num período anterior, uma fase final histórica da salvação, precedendo a segunda vinda.

Este primeiro eschaton é terreno e humano, embora agraciado por Deus, é a Idade do Espírito Santo, em que os homens, entregues a uma vida piedosa, ascética, caritativa, já não dependerão das Leis do Pai ou do Filho e já não terão de se guiar dominantemente pelo Antigo ou pelo Novo Testamento, mas antes por um Quinto Evangelho, o Evangelho Eterno, dispensação ininterrupta de Deus e do seu Espírito, realizando o ideal da fraternidade universal e recebendo directamente os carismas de Deus na Sua Terceira Pessoa, que cumpre a Primeira e a Segunda. Foi o Espírito Santo que fecundou Maria, foi o Espírito Santo que Cristo, ao voltar para o Pai, enviou em seu lugar aos homens, como o Consolador, como Santo, como o que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, guiando os homens para a verdade total, conforme, citando as próprias palavras de Jesus, relatou o apóstolo S. João no seu Evangelho.

S. João Evangelista em Patmos




Jesus Cristo chamando os "Filhos do Trovão", São João e São Tiago, por Marco Basaiti (1510).




Segundo o pensamento de Joaquim de Flora, sobretudo nas consequências posteriormente extraídas por muitos Florianos e Cistercienses, pelos fraticelli, discípulos de Pedro Macerata e Pedro de Forosempronio, por teólogos, clérigos, intelectuais, gente do povo, príncipes ou mesmo soberanos e principalmente pelos Dominicanos e pelos Franciscanos ditos espirituais, monges mendicantes, que viram em S. Francisco (1192-1226) e em Santo António de Lisboa e de Pádua (1190-1231), na sua obra, no seu exemplo e na sua Ordem os sinais prodigiosos da futura Idade do Espírito Santo -, a Igreja visível, a Hierarquia e o próprio Papado seriam instituições da Segunda Idade, a do Filho, o que implicava a revisão total da sucessão de Pedro até ao fim do mundo. No entanto a ideia teve simpatias junto de elementos da própria Hierarquia e pelo menos um Papa, Celestino V (1215-1296), terá sido espiritual e terá tido simpatias joaquimitas.

Muito embora carismática e fundada por Jesus Cristo, a Igreja actual, como Igreja visível e instituição social, estaria destinada a desaparecer, substituída pela Igreja do Espírito, tornando-se gradualmente desnecessárias a predicação, a filosofia e as ciências teológicas e também os sacramentos, visto que os homens passariam a conhecer Deus por visão e contemplação directas.

Sabemos que Joaquim de Flora, ele próprio, se considerou um homem da Igreja, um fiel discípulo de Cristo, ainda na Idade do Filho, nada havendo na sua obra de fundamentalmente crítico ou directamente revolucionário em relação à Igreja, à Hierarquia e ao Pontificado de Pedro e dos seus sucessores.

Mas estes foram mais longe, levando a doutrina Joaquimita até às suas últimas consequências e tentando uma reforma religiosa que, segundo Renan, no seu artigo Joachim de Flore et L'évangile éternel, era mais ousada do que seria a de Lutero três séculos mais tarde, embora com uma diferença essencial: este nunca questionou a letra do Antigo e do Novo Testamento, antes quis instaurar a sua soberania, pugnando pelo cumprimento literal dos preceitos bíblicos, enquanto os joaquimitas espirituais anunciaram uma ultrapassagem da Igreja instituída, na ordem da transcendência e com fundamento teológico.

Para os Franciscanos espirituais dos séculos XIII e XIV, o Abade Joaquim tinha sido o novo S. João Baptista, anunciando o novo Cristo de uma Idade onde já não haveria lugar para a Igreja clerical, e que era a seu ver S. Francisco. O que eles pretendiam era transformar a Igreja numa comunidade do Espírito Santo, sem Hierarquia, sem Papa e sem Sagradas Escrituras.

Quanto ao próprio Joaquim de Flora, na sua interpretação do Anjo do Apocalipse como o novo Dux, não terá ido politicamente mais longe do que investir messianicamente nesta figura por assim dizer simbólica a expectativa de uma renovação próxima da Igreja cristã, em sentido espiritual ou paraclético.




















Os 4 Cavaleiros do Apocalipse, por Viktor Vasnetsov (1887).


Antes do advento da Terceira Idade, segundo os joaquimitas, teria lugar a batalha entre os poderes do mal, chefiados pelo Anticristo e os representantes da futura ordem espiritual do mundo. Mas o Anticristo serviria de instrumento providencial para castigar os erros dos homens e da própria Igreja cristã, desviada dos seus princípios e do espírito que Jesus lhe quis transmitir.

A ideia do Anticristo é antiquíssima, virtual já nos profetas bíblicos, mas apresentada explicitamente por S. João, por S. Paulo e pelos padres da Igreja ora como a Besta do Apocalipse, ora como um Rei ou Imperador inimigo da fé cristã, ora como o conjunto dos adversários de Cristo, ora como o último Rei da cidade do Diabo. Na primeira metade do século XIII, num dos períodos mais intensos do joaquimismo, o Imperador Frederico II da Alemanha (1194-1250) foi considerado geralmente como o Anticristo histórico.

Esta figura singular de Imperador educado por um Papa (Inocêncio III), excomungado por outro Papa (Gregório IX), que vivia à oriental, organizou um exército de muçulmanos para combater contra a Santa Sé, tinha uma grande cultura, mas era um céptico e um averroísta que desdenhava do sobrenatural e da imortalidade da alma, não correspondeu contudo à expectativa profética, pois morreu prematuramente, em 1250.

É que, segundo a teoria joaquimita, a vinda do Anticristo, precedendo imediatamente os novos tempos, deveria realizar-se no ano de 1260. E porquê? Porque, segundo os cálculos do Abade de Flora, baseados no número de gerações e computando cada geração em 30 anos, número relacionado com a Trindade, número correspondente à idade de Cristo quando iniciou a sua missão na Terra e com eixo na qual contou, para trás e para a frente, por 42 gerações, as eras do Pai e do Filho -, cada um destes éons teria 1260 anos.

Nestas condições a Idade do Pai, a da servidão e do medo, narrada no Antigo Testamento, ter-se-ia consumado com a vinda de Cristo, anunciada por Osias, Zacarias e seu filho S. João Baptista; logo a Idade do Filho, a da Fé e da obediência filial, deveria terminar em 1260, depois da derrota do Anticristo; suceder-lhe-ia a Idade do Espírito Santo, a da caridade e da liberdade, por seu turno anunciada por S. Bento.



São João Baptista, por Leonardo da Vinci.




Esta seria a Idade do Evangelho Eterno, a de uma dispensação espiritual ininterrupta e agraciante, cumprindo-se em superabundância todas as profecias do Antigo Testamento e todas as promessas de Cristo, na transcendência dos textos bíblicos, da sua letra e das suas "leituras", exegeses ou interpretações várias, muitas delas erróneas devido à incapacidade e impureza humanas. Em vez dos Evangelhos dos apóstolos, situados no tempo histórico do início da Idade do Filho, prevaleceria o Evangelho Eterno, profetizado por S. João no Apocalipse: vi, depois, outro anjo a voar no mais alto do Céu, o qual tinha um evangelho eterno para anunciar aos habitantes da Terra, a toda a nação, tribo, língua e povo. Daqui também a ideia do Papa Angélico, que inauguraria a Terceira Idade.

Na impossibilidade de fiar em Frederico II a imagem maléfica e contudo providencial do Anticristo, os teólogos, frades e intelectuais de tendência joaquimita entregaram-se a numerosos cálculos e conjecturas. Numa das interpretações mais correntes, o Anticristo seria o próprio Papa ou até a Igreja dos últimos tempos da Idade do Filho».

António Quadros («Portugal, Razão e Mistério. O Projecto Áureo ou o Império do Espírito Santo», Livro II).






O IMPÉRIO DO ESPÍRITO SANTO E OS DESCOBRIMENTOS


2 – O enigma do Preste João: uma leitura joanina

Quando, em 1442, o Infante D. Henrique enviou Antão Gonçalves, cavaleiro da Ordem de Cristo, ao Rio do Ouro, deu-lhe como encargo procurar notícias, se fosse possível, «das Índias e do Preste João» (21).

Um parêntesis. Quando no século XV se falava das Índias, considerava-se que havia duas Índias: a Maior e a Menor, isto é, a Índia propriamente dita e «a parte de África ao oriente do Nilo», entre o Egipto e o Mar Vermelho.

Desde o Infante D. Henrique até D. Manuel I, constituiu finalidade importantíssima a demanda do Preste ou Presbítero João, que seria o Rei ou Rei-Sacerdote, já então perfeitamente identificado com o Négus da Abissínia, soberano de um Reino, cujas dimensões, poder e riqueza eram em geral exageradíssimos.

Segundo Jaime Cortesão, o plano do Infante D. Henrique e dos seus sucessores consistia fundamentalmente na destruição do Islão nas fontes do seu poderio, substituindo-o depois no monopólio do tráfico oriental, objectivo estritamente português, mas herdado dos maiores representantes da cultura mediterrânica dos séculos anteriores (22), para o que era fundamental a aliança com o Rei da Etiópia, país de localização estratégica crucial, que além disso poderia transmitir informações preciosas sobre o Oriente, reforçar as nossas experiências e ajudar ao estabelecimento de um poder cristão naquelas paragens longínquas e onde havia ainda espaço territorial sob a nossa soberania.



Brasão de Armas do Infante D. Henrique




Daqui derivam, pois, segundo Cortesão e a maioria dos historiadores portugueses, todas as tentativas sucessivas para estabelecer contacto com o «Preste» abissínio, enviando-lhe embaixadores e embaixadas, recebendo representantes seus, procurando por todos os meios encontrar um centro de poder cristão entre a África e o Oriente, que constituísse plataforma de entendimento e catapulta para o esmagamento do poder Muçulmano.

Sem entrar nos meandros da enigmática lenda do Preste João, cujo reino tão depressa aparece localizado na Índia como na Mongólia, onde é identificado com o gur-khan, interessar-nos-ia aqui apenas referi-lo à região e ao soberano onde historicamente podemos de facto encontrar a sua mais precisa encarnação histórica: a Abissínia e o seu Rei.

O cristianismo entrara na Abissínia no século IV, através do sírio-bizantino Frumentius, que o pregou com êxito no que então era o reino de Axum, reino onde a língua oficialmente adoptada era o grego. Frumentius foi o seu primeiro bispo, dependendo do Patriarca de Alexandria. Um cristianismo copta e monofisita aqui perdurou pelos séculos adiante, contra tudo e contra todos, resistindo à vaga de fundo do islamismo, mas isolando-se nestes (para os europeus) confins de África. Desta realidade histórica e religiosa singular chegavam de quando em quando ao Ocidente alguns misteriosos ecos, o que não pouco contribuiu para a formação da lenda de um imenso, rico e poderoso Império cristão nas Índias.

Ao que parece a primeira notícia explícita e pormenorizada referente ao Preste proveio de um relato de Hugo, Bispo de Gabela, que em 1145, em Viterbo, falou ao Bispo Otto von Freisingen de um «Johannes Presbyter», descendente dos Reis Magos, senhor de um grande povo e de fabulosas riquezas, vitorioso dos Medas e dos persas e que teria tentado, embora sem êxito, libertar Jerusalém do jugo muçulmano (23).

Mas no século XII, contudo, havia já em Jerusalém um mosteiro abissínio, o de Dare-es-Sultan (24), de que os cruzados e em especial os templários trouxeram para a Europa conhecimento. Foi em 1316 que pela primeira vez uma embaixada romana, enviada por João XXII e constituída por 8 dominicanos, conseguiu atingir a corte do Négus, onde foi bem recebida, entrando para a Ordem alguns abexins. Daqui nasceram mais alguns contactos, com uma embaixada do Négus David I a Veneza, em 1402, e outras visitas de abexins a vários países da Europa.










O já citado Libro del conocimiento de todos los reynos, escrito por um franciscano espanhol anónimo, provavelmente em 1318, tem largas referências à Etiópia e ao Preste João, o qual é patriarca da Núbia e governa muitíssimas terras e também cidades de cristãos (25). Este livro foi muito conhecido na Península e em Portugal, baseando-se nele o francês Bethencourt, o conquistador das Canárias, para o seu projecto de atingir les marches de Preste Jean (26).

No Concílio de Florença, de 1441, a Igreja de Roma tentou obter a adesão da Igreja Abissínia, que ali enviou doze delegados seus, em tentativa desesperada de união da cristandade perante o perigo do Islamismo, que de novo ameaçava a Europa (27).

Significativamente, governava então a Abissínia (de 1433 a 1467, o primeiro período da expansão portuguesa, um dos seus monarcas mais letrados e prestigiosos (28), Zara Yacob, que no entanto, segundo Jaime Cortesão, era um jacobita e monofisita fanático, homem de carácter violento, que só em face de ameaça islâmica se dispôs a procurar entendimento com os países cristãos, de que não gostava. Foi Zara Yacob quem enviou a Roma, à Borgonha e a Lisboa, onde foi recebido por Afonso V (em 1451-52), o seu embaixador Jorge Sur.

As notícias e o intercâmbio estreitavam-se. Pouco depois, em 1456, o Infante D. Henrique tinha ao seu serviço um tal Jacob índio, que utilizava como intérprete e que embarcou com Diogo Gomes para que, se chegássemos à Índia, nos servisse de língua (29). O nome de Jacob, aventa com muita probabilidade Cortesão, sugere a sua origem abissínia.

A partir daqui, com a viagem por terra de Pero da Covilhã e com a que por mar deveria fazer Bartolomeu Dias com idêntico objectivo (o encontro com o Négus), mais tarde com a embaixada de D. Manuel I, já a realidade devora a lenda ou o mito. A Etiópia do Négus é um reino positivo, acerca do qual já se conhece muito e figura como peça fundamental na estratégia do Infante e dos seus sucessores, até D. Manuel.

Contudo...

Contudo interrogamo-nos sobre se todo este plausível enredo encerra a verdade inteira. O que atraía os nossos Reis e a Ordem de Cristo, sucessora dos Templários, seria apenas a procura de um poderoso aliado para a ofensiva anti-islâmica, o plano político-económico da expansão e a obra de propagação da fé cristã?

O que equivale a interpelarmos Camões sobre o verdadeiro sentido dos seus versos da segunda estância do Canto I de Os Lusíadas, em que evoca as memórias gloriosas / Daqueles Reis que foram dilatando / A Fé e o Império (30). Que Império dilatavam os nossos Reis, se nunca até então usaram ou quiseram usar a coroa de Imperador, ao modo de um Carlos V? E se a palavra Império, no sentido mais nobre e tradicional do termo, não significa uma realeza igual às outras e apenas com maiores domínios (plano da quantidade), mas uma realeza universal de ordem qualitativa inteiramente diferente?

Túmulo de Luís de Camões no Mosteiro dos Jerónimos.


Aquele atrás recordado Zara Jacob, reformador que procurou unir em si a dupla autoridade real e pontifical (na tradição dos Reis-Pontífíces ao modo dos Basileus bizantinos), e que, sendo o chefe da cristandade do seu país, ostentava no entanto um harém e admitia práticas judaicas e costumes maometanos (31), é uma figura em que ressoam ecos insólitos.

Antes de ir mais adiante, um problema: como e por que motivo terá surgido a ideia de um Monarca-Pontífice chamado Preste ou Presbítero João?

Preste João nunca foi título usado pelo Négus ou por outro qualquer soberano, indiano ou asiático com que tenha sido identificado. E no entanto, é assim que lhe chama o bispo Otto von Freisingen, em crónica anterior a 1158, relatando o que lhe contara o Bispo sírio Hugo, de Gabela, em fins de 1145, descrevendo um rei-sacerdote, descendente de um dos Reis-Magos, senhor de vastos territórios e fabulosas riquezas.

Reflectindo sobre este problema, concluímos que nesta lenda convergem duas antigas e prestigiosas ideias ou tradições: a de uma Igreja mística ou secreta de João, que seria afinal a Igreja do Espírito Santo (também católica e trinitarista, mas com acento profético sobre a Terceira Pessoa), incluindo, mas transcendendo-a escatologicamente, a Igreja de Pedro, pedra angular do tempo sagrado místico, Igreja ligada à doutrina extraível do Evangelho Segundo S. João, qual a expressa na Monarquia de Dante; e a de uma Realeza Pontifícia, como a provinda no éon judeo-cristão, da figura bíblica, simbólica e profética, do Rei e Grão-Sacerdote Melquisedec ou Melki-Tsedeq, que desempenharia, no curso desse éon, a própria função do «Rei do Mundo» (32), segundo René Guénon.

Diversas tentativas foram feitas, escreve Vitorino de Magalhães Godinho, para derivar o nome de João, Johanes, através do siríaco Juhanne, de algum título oriental como gur-Khan, mas, aduz, falham todas por dificuldades fonéticas e invencíveis impossibilidades cronológicas (33). Para o historiador, citando Denison Ross, a única teoria explicativa convincente seria a que deriva Johanes do modo de os súbditos de Négus se lhe dirigirem em amharico e gue’ez: zan hoy, equivalente a meu senhor. Os europeus teriam pois compreendido zan hoy como Giovanni, Johannes e depois João.

Estas derivações fonéticas são aleatórias e sempre pouco rigorosas. Mais lógico se nos afigura, atendendo ao predomínio templário na época em que a lenda se formou, a conotação com o que seria a sua doutrina anterior, isto é, com o joanismo... (34). Lembremos a propósito que Probst-Biraben ao falar dos dois Pontificados, o de João e o de Pedro, quis distinguir dois papéis do Poder supremo que dirige a cristandade e não alinhar dois adversários em face um do outro (35). A falar-se de uma missão de João e de uma missão de Pedro, referimo-nos no fundo a uma tendência mais mística, voltada para o futuro e a outra mais imediatamente prática.



'Igreja de João'




O joanismo templário, vocacionado à edificação da Jerusalém Celeste a partir de um centro espiritual invisível que pode estar figurado no símbolo do templo de Salomão (36), pode ter sido o responsável, directa ou indirectamente, pela lenda do Preste João, assim conferindo um sentido teleológico concreto à demanda desse centro. A lenda do Preste João teria pois um carácter sobretudo iniciático, não excluindo no entanto que se tenha visto na personagem do Négus etíope a personificação do sucessor monarco-pontifical de João, para o que concorreram os evangelhos apócrifos de S. Tomé.

Parece fundamental também o aparecimento do Preste João nos grandes ciclos heróicos medievais. Assinala efectivamente Julius Evola que na saga dinamarquesa de Ogier (paladino de Carlos Magno), o herói acaba assumindo os rasgos de um salvador da cristandade e conquistador universal (37), alarga o seu domínio por todo o Oriente, atingindo o reino do Preste João, onde encontra as duas árvores, lunar e solar, simbólicas da árvore do poder universal e da árvore do centro associada ao estado primordial (paradisíaco); mas o reino (mítico) do Preste João acaba por identificar-se, no ciclo de Ogier, com a ilha de Avalon ou seja, com o centro da tradição hiperbórea (38).

Mais interessante ainda, do ponto de vista que aqui nos interessa, é que no Parsifal de Wolfram von Eschenbach, quando os heróis Parsifal e Feirefiz atingem, depois de sucessivas provas, o Castelo do Graal, aquele torna-se o Rei do Graal e este, depois de casar com a donzela do Graal, retira-se para o Oriente onde estabelece o cristianismo que será mantido pelo seu filho Preste João (39).

Eis o Preste João relacionado com o Graal, por seu turno essencial para a tradição templária. Na obra de Wolfram, aliás, Preste João acaba por ser um título e o Graal transferir-se-á para o seu Reino, a fim de indicar sucessivamente os homens que hão-de tornar-se Preste João (40).

Pertence ainda à mesma tradição a ideia de um Preste João como rex regnum, Rei dos Reis, que une a autoridade espiritual e a potestade régia (41), como o tentaria o Négus Zara Yacob, no século XV.

Se nos recordarmos de que o mito do Graal se liga indissoluvelmente, não só aos Templários, mas também, como o demonstrou Brunetti, à teologia joanina e joaquimita da Terceira Idade, pois a questa é no fundo a procura de um reino espiritual a estabelecer sobre a terra pelos cavaleiros que procuram e hão-de encontrar o cálice com o sangue de Cristo ou a pedra mágica, símbolos da renovação espiritual da humanidade, mais depressa entenderemos como o nome do Preste João não se liga a títulos reais asiáticos ou abissínios, mas antes à ideia de um Império segundo João, qual o sonhado, poetizado e visado nos ciclos de Ogier e do Graal, este de tão grande influência no século XV português, que os Príncipes da Ínclita Geração, como assinalou Fernão Lopes, tinham como modelos os cavaleiros da Távola Redonda na sua Questa. Aliás, a versão portuguesa da Demanda do Santo Graal, provavelmente elaborada, como apontámos, pelos trovadores da corte de D. Dinis, está profundamente ligada à teologia do Espírito Santo, surgindo aí Galaaz como o verdadeiro Cavaleiro do Espírito Santo, aquele que aparece dentro de Camelot quando todas as portas e janelas estavam fechadas como se fosse o Consolador a impregnar de graça os apóstolos reunidos no Cenáculo (42).






Ver aqui





Mas à relação mais que evidente do Reino do Graal com o Reino do Preste João, «cobertura exterior» (43), segundo Guénon, do centro supremo do mundo, é necessário acrescentar a ideia de que o soberano desse centro se identifica, na tradição judeo-cristã, com a figura misteriosa de Melquisedeque, Rei e sacerdote, do qual fala o Génesis nestes termos: e Melki-Tsedeq, rei de Salem (44), mandou vir a água e o vinho; e ele era padre do Deus Muito Alto (El Elion). E benzeu Abraão dizendo: Bendito seja Abraão do Deus Muito Alto, possuidor dos Céus e da Terra... (45).

Também S. Paulo se refere a Melquisedeque como rei de Salem, Sacerdote do Deus Muito Alto (...) que é, segundo a significação do seu nome, rei da Justiça, depois rei de Salem, quer dizer, rei da Paz; que não tem pai, nem mãe, nem genealogia, mas que é assim feito semelhante ao Filho de Deus; esse Melquisedeque permanece perpetuamente sacerdote (46).

Melquisedeque é sacerdote de El Elion, Deus superior ao Deus de Abraão, significando essa distinção, escreve Evola, que o primeiro desses nomes representa um aspecto divino mais elevado do que o segundo (47).

E ainda: o sacerdócio de Melki-Tsedeq é o sacerdócio de El Elion (nome que é o equivalente de Emanuel); o sacerdócio cristão é o de Emanuel; se pois El Elion é Emanuel, esses dois sacerdócios são um só, e o sacerdócio cristão, que de resto comporta essencialmente a oferenda eucarística do pão e do vinho, é verdadeiramente segundo a ordem de Melquisedeque (48), sendo este geralmente considerado precursor de Cristo.

Os Reis Magos comparecem no nascimento de Jesus como para o consagrar ao Deus do Melquisedeque, oferecendo-lhe um o ouro, e chamando-lhe Rei, o outro o incenso e chamando-lhe Sacerdote, o outro a mirra, ou seja o bálsamo da incorruptibilidade, e chamando-lhe Profeta.

Como escreveu Guénon, na história dos «Reis Magos», nós vemos três personagens distintas, que são os três chefes da hierarquia iniciática; na de Melki-Tsedeq vemos um único, mas que pode unir em si aspectos correspondentes às três mesmas funções (49). Assim é que alguns distinguiram Adoni-Tesedeq, como o Senhor da Justiça, Kohen-Tsedeq como o Padre da Justiça e Melki-Tsedeq como o Rei da Justiça, usando-se em geral o último termo por extensão dos três, por mais próximo do mundo exterior (50), correspondendo de algum modo às funções indianas do Brahâtmâ, do Mahâtmâ e do Mahânga.

Se não nos tivermos esquecido de que, no relato do Bispo de Hugo, de 1145, o primeiro de que há notícia contendo referências ao Preste João, este, Johannes Presbyter, é apresentado como rei-sacerdote, descendente de um dos Reis Magos (51), fica já bastante completo o quadro: o mito do Preste João, tal como chega ao Ocidente veiculado pelos Templários e pelos Cruzados, liga-se não só ao Graal e ao Espírito Santo, como também à figura bíblica primordial de Melquisedeque, o Rei-Sacerdote, precursor de Cristo.

Ora se, como julgamos ter demonstrado, era o Império do Espírito Santo que os Portugueses de Avis procuravam fundar neste mundo, assumindo um conceito monárquico segundo Dante, e se do Reino do Preste João tinham a noção templária, recebida pela Ordem de Cristo, da sua herança joanina e graalista, ao que acrescia a aura de Zara Yacob como Rei-Pontífice segundo a imagem bíblica de Melquisedeque, favorecendo um sincretismo cristão-judaico-islâmico, então a portuguesa Demanda do Preste João assume um significado muito diferente das leituras que dela fazem os nossos historiadores, desde Vitorino de Magalhães Godinho ao próprio Cortesão.

Mosteiro da Batalha


A Demanda do Preste torna-se-nos agora, sob estas perspectivas, uma questa da face oriental do Império a haver, busca de uma união do Ocidente e do Oriente sob o signo da doutrina do Apóstolo S. João, que se julgava conservada em sua pureza na misteriosa Abissínia.

E, se a estratégia anti-islâmica constituía o lado extrínseco dos planos do Infante e dos seus sucessores, essencial seria o lado intrínseco, o de um Encontro ou uma Aliança que contribuísse decisivamente para fazer de todo o mundo um Reino do Preste João, como Imperador do Espírito Santo, qual o que se profetizava nas Festas da Coroação, onde na fronte de um pobre ou de uma criança era colocada a coroa simbólica do Império.

Para os Reis e Príncipes de Avis estaria destinada uma tal missão, que deveria ter duas vertentes: a europeia e a oriental. Missão que ultrapassava as possibilidades de um pequeno reino, como Portugal? Decerto, mas é nossa convicção que, desde a aclamação de D. João I como Rei de Portugal, o projecto áureo, ampliando o original plano de D. Dinis, tomou uma amplitude singular.

Fernão Lopes viu o fundador da dinastia de Avis como o iniciador da Sétima Idade do Mundo, segundo a filosofia da história de Santo Agostinho, sucedendo à primeira (de Adão até Noé), à segunda (de Noé até Abraão), à terceira (de Abraão a David), à quarta (de David ao trespassamento da Babilónia), à quinta (daqui à vinda do Salvador), e à sexta (de Cristo à actualidade). O cronista reproduz a ideia corrente, na esfera da família e da corte de Avis, de que a descendência de D. João fora chamada a cumprir a antiga profecia de Cristo em Ourique. A Sétima Idade portuguesa, na qual se levantou outro mundo novo e nova geração de gentes (52), Idade que começou nos feitos do Mestre, a qual, pela era de César, por que esta crónica é compilada, há agora sessenta anos que dura, e durará até ao fim dos séculos, ou quanto quiser Deus, que as criou todas, corresponde à Terceira Idade de Joaquim de Flora, se observarmos que as cinco primeiras compõem o que o cisterciense calabrês chamava a Idade do Pai, a sexta corresponde à do Filho, coincidindo a sétima com a Idade do Espírito Santo, inerente como amplamente vimos, à vivência lusíada das Festas do Império, que o próprio Infante favorecia e se deviam na dinâmica da expansão à iniciativa da Ordem de Cristo.

Como, porém, trazer a Europa e o Oriente a um tão grandioso e ecuménico destino? A resposta pode ser-nos dada pela dicotomia da acção de Afonso V, de D. João II e de D. Manuel (acção ocidental), todos visando obter a herança dos tronos espanhóis por seus casamentos com os respectivos herdeiros, e o primeiro tentando porventura um movimento (...) que deveria ser efectivado pelo seu casamento com a Beltraneja (recebendo a soberania de Castela, Leão e Aragão) e pela aliança com o seu primo direito, Carlos o Temerário, da Borgonha, cuja missão seria a de esmagar a soberania de Luís XI em França -, e por outro lado do Infante D. Henrique e da Ordem de Cristo, bem como também de D. João II e de D. Manuel (acção oriental), na finalidade de conseguir a aliança com o Preste João, vencer o poder islâmico, estabelecer bases na Índia e em todo o Oriente e, do mesmo passo, dilatar e aprofundar, com a adesão do Oriente, o Império que se profetizava nas Festas, de Alenquer aos Açores.

Propósito imenso? Sem dúvida. Mas foi uma época em que os Portugueses pensaram e realizaram em grande, movidos por uma fé e por uma confiança em si próprios que não conheciam limites (in ob. cit., pp. 163-172).



Torre de Belém




Notas:

(21) Jaime Cortesão, citando Zurara, in Os Descobrimentos Portugueses, obr. cit., I Vol., p. 308.

(22) Ibid., p. 298.

(23) Vitorino de Magalhães Godinho, in Dicionário da História de Portugal, Vol. III, Lisboa, 1971, pp. 476 a 485.

(24) Jaime Cortesão, obr. cit., p. 37.

(25) Cit. por Vitorino de Magalhães Godinho, in obr. cit., p. 482.

(26) Ibid.

(27) Jaime Cortesão, obr. cit., p. 37.

(28) Jaime Cortesão, obr. cit., p. 309.

(29) Cit. por Jaime Cortesão, in obr. cit., p. 310.

(30) Os Lusíadas, Canto I, 2.

(31) Jaime Cortesão, obr. cit., p. 37.

(32) René Guénon, Le Roi du Monde, obr. cit., p. 48.

(33) V. M. Godinho, obr. cit., p. 482.

(34) V. «O País Templário» no vol. anterior.

(35) J. H. Probst-Biraben, Les Mystères des Templiers, obr. cit., p. 51.

(36) Ibid., p. 52.

(37) Julius Evola, El Mistero del Graal, obr. cit., p. 73.

(38) Ibid., p. 74.





(39) Almir de Campos Brunetti, A Lenda do Graal no Contexto Heterodoxo do Pensamento Português, obr. cit., p. 36.

(40) Julius Evola, obr. cit., p. 75.

(41) Julius Evola, citando o Tractatus pulcherrimus, in obr. cit., p. 69.

(42) Almir Brunetti, obr. cit., p. 96.

(43) René Guénon, obr. cit., p. 16.

(44) Salem, não é um país, mas a paz, segundo Guénon.

(45) Génesis, XIV, 19-20.

(46) S. Paulo, Epistola aos Hebreus, VII, 1-3.

(47) Julius Evola, obr. cit., p. 50.

(48) Ibid., p. 70.

(49) René Guénon, obr. cit., p. 52.

(50) Ibid.

(51) Vitorino de Magalhães Godinho, obr. cit., p. 477.

(52) Fernão Lopes, Crónica de D. João I, I Parte, Ed. Livr. Civilização, Porto, Cap. 15.





Assinatura de Fernão Lopes



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